20/07/2021 - 13:03
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar chegou ao fim da manhã em queda frente ao real, depois de trocar de sinal várias vezes e chegar a subir 0,9%, com operadores aproveitando a recuperação das bolsas de valores globais para realizar lucros após o dólar marcar na véspera a maior alta em dez meses.
O sentimento, porém, segue instável depois do mau humor da véspera por causa de uma onda global de aversão a risco por temores relacionados à Covid-19.
A fraca agenda de indicadores econômicos no Brasil e o recesso parlamentar orientam as atenções para a cena externa, onde têm predominado receios sobre impactos econômicos de novas ondas de coronavírus pelo mundo.
Às 12:46, o dólar à vista recuava 0,65%, a 5,2153 reais na venda.
A moeda começou o dia em queda, passou a subir ainda na primeira hora de negócios e bateu um pico de 5,2953 reais (+0,87%) logo depois das 10h30. Posteriormente, começou a perder força, chegou a cair por volta de 11h15 antes de voltar a ganhar terreno. No fim da manhã, porém, as vendas apareceram com força e derrubaram a cotação à mínima intradiária de 5,2077 reais (-0,79%).
O real tinha o melhor desempenho global nesta sessão, depois de na véspera ocupar a lanterna entre as principais divisas.
Em Nova York, os índices de ações subiam entre 1,3% e 1,7%, recobrando parte das perdas da véspera.
Na segunda-feira, o dólar saltou 2,59%, a 5,2494 reais na venda, maior patamar desde 8 de julho deste ano e maior valorização percentual desde 18 de setembro de 2020.
Como notou o Bradesco, os mercados mostram instabilidade conforme os mesmos temas seguem no radar dos investidores.
“As preocupações com os impactos da variante Delta no processo de reabertura econômica limitam a recuperação dos mercados”, disse o banco em relatório matinal, em que cita a força recente do dólar antes da temporada de balanços corporativos de empresas norte-americanas.
De forma geral, o dólar voltou a ganhar terreno no mundo desde junho, com investidores colocando nos preços aperto da política monetária nos Estados Unidos. No Brasil, a moeda sobe 6,5% desde que tocou uma mínima de cerca de 4,89 reais em 25 de junho.
Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos, diz por ora não ter visão direcional para a moeda no Brasil.
“Ainda acredito que o cenário-base seja de muita volatilidade e pouca tendência”, afirmou, acrescentando que em momentos de maior otimismo prefere adicionar posições pró-dólar, como o fez no fim do mês passado.
Puxada também pelo clima político interno mais ruidoso, a volatilidade do real desde o começo do mês voltou a ser a mais alta dentre pares comparáveis. A volatilidade implícita do real –uma medida do grau de incerteza sobre os rumos da moeda– para três meses está em 16,6%, acima até mesmo da medida para a instável lira turca, que está em 14,7%.
(Por José de Castro)