Na inauguração do primeiro Centro Temporário de Acolhimento (CTA) para moradores de rua na capital paulista, ontem, o prefeito João Doria (PSDB) prometeu entregar um equipamento do tipo a cada mês até o fim da sua gestão: ao todo, serão 44 até 2020. A Prefeitura estima que 25 mil pessoas morem nas ruas da capital.

Com novidades como acolhimento 24 horas, canil e garagem para carroças, o local foi construído para atrair moradores de rua, que, ouvidos pelo Estado, queixam-se de horários restritos, presença de percevejos e falta de espaço para abrigar os cães em outros albergues municipais. O CTA foi inaugurado ainda sem a conclusão do canil, que poderá abrigar 11 cães a partir do fim de maio. Já foram recebidas doações de camas, rações e potes. O albergue tem capacidade para 164 pessoas: 102 homens e 62 mulheres, incluindo os quatro leitos para pessoas com mobilidade reduzida. Embora tenha o nome “temporário”, o CTA não tem tempo de permanência fixo.

Por uma semana, das 9 horas às 16 horas, os moradores têm curso de profissionalização para as 10.020 vagas do programa Trabalho Novo. Atualmente, participam do projeto mais de 20 empresas dos ramos alimentício ao farmacêutico, tendo contratado 477 moradores de rua. Até o fim de 2017, a expectativa da Prefeitura é obter 20 mil vagas de trabalho.

Queixas

Marcelo Gomes, de 45 anos, mora há três anos na rua. Na Mooca com dois cachorros, ele afirma que canil e curso resolverão parte dos problemas práticos. “Estou fazendo curso de informática e de DJ. Inclusive, sou o MC Zói e os Dogs, sabia? Mas quem vai me contratar pela experiência que tenho?”

Para Daniel Guerra, de 33 anos, o cenário de um abrigo “dá até medo” e “parece cadeia”. Guerra aponta como um dos principais problemas dos abrigos a limitação de horário de entrada e de saída para quem quer fazer pernoite. “Quem trabalha à noite, por exemplo, como faz para dormir de dia?”

Ininterrupto

O secretário municipal da Assistência Social e do Desenvolvimento, Filipe Sabará, explica que há convênios com centros de acolhida em dois modelos: de 16 e de 24 horas. A gestão Doria avalia estratégias para unificar os centros de acolhida no horário ininterrupto. Sabará afirma ainda que há um estudo em andamento na pasta para calcular o impacto econômico de aditamento do contrato que estenderia de 16 para 24 horas o horário de funcionamento dos equipamentos. “Estamos trabalhando para que todos sejam 24 horas. Mas nem todos podem assim por questão de espaço físico e de vagas de cama”, explica. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.