29/06/2005 - 7:00
A GAP e a Banana Republic são duas das mais badaladas grifes de moda urbana de todo o mundo. O grupo americano que comanda as operações das duas marcas age com mão de ferro quando se trata de espalhá-las pelo planeta. Seus proprietários não abrem espaço para franquias – ou é operação própria, ou é nada. Essa receita gerou, no ano passado, um grande resultado para a companhia. A empresa teve um faturamento de US$ 16,3 bilhões com lucro de US$ 1,1 bilhão. É, portanto, um caso de sucesso invejado no universo do varejo. Há, entretanto, uma empresa que conseguiu se associar ao grupo americano, de modo a romper essa rigorosa barreira de exclusividade. A Brasif, a cadeia brasileira de lojas duty free, aquelas nas quais os produtos são vendidos livres de impostos, é a dona da façanha. Desde o início de junho, a empresa comanda duas lojas, uma da GAP e outra da Banana Republic, na Daslu, o shopping de luxo inaugurado recentemente em São Paulo. ?O fato dos americanos terem se associado à Brasif mostra que o relacionamento entre ambos é ótimo?, diz Alberto Serrentino, sócio-diretor da Gouvea de Souza, consultoria especializada em varejo.
A entrada da Brasif no segmento de roupas, com a representação de outras etiquetas de renome internacional, coroa uma ousada estratégia de expansão. Com 25 lojas espalhadas pelos principais aeroportos do Brasil, ela domina um nicho privilegiado. Atende consumidores, muitos deles estrangeiros, com um poder aquisitivo acima da média e vende apenas produtos refinados. ?São pontos de venda muito valorizados?, diz Cláudio Felisoni, coordenador geral do Programa de Administração de Varejo, o Provar, da USP. ?Eles têm uma demanda cativa e apresentam alta lucratividade?. Basta ver, por exemplo, que o free shop do aeroporto de Guarulhos, de São Paulo, apresentou, em 2001, o segundo maior faturamento das Américas ? perdendo apenas para o John Kennedy, de Nova York. Com tanta experiência neste setor, a empresa resolveu expandir suas operações no mercado interno. Em 2000, inaugurou a Brasif Shopping, uma rede de lojas também em aeroportos mas não isentas de impostos, antes do check-in. Ao todo, são 12 delas espalhadas pelo País. Em 2002, o grupo deu outra tacada: trouxe a MAC, tradicional marca de cosméticos canadense. Em menos de três anos de operação já são oito endereços espalhados por São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Na Daslu, ela também montou uma loja de perfumes batizada de Arôme. E pode vir mais. ?Em breve poderemos abrir outros pontos de venda na rua?, diz Jonas Barcellos, dono da Brasif. Quando? ?Vai depender do desempenho das operações na Daslu?.
O segredo do rápido crescimento da Brasif é resultado do casamento de todos os seus negócios. ?Como atuam no free shop, já sabem que tipo de produto vende e conhecem muito bem o comportamento do consumidor?, diz o consultor Serrentino. Além disso, têm maior poder de compra para conseguir preços melhores e uma ótima distribuição. ?Temos um bom relacionamento com as marcas?, diz Barcellos, da Brasif. Esses fatores fazem da empresa uma grande parceira para qualquer grife estrangeira. Outro ponto a favor da Brasif é a larga experiência no atendimento ao cliente. Pesquisas apontam o alto índice de 93% de satisfação entre os consumidores. Tais números levaram a empresa a conquistar até mesmo o prêmio de qualidade concedido pelo Procon. Agora, a Brasif quer fazer o mesmo com as suas lojas que estão longe dos portões de embarque. As roupas da Banana Republic e da GAP vendidas por aqui chegam simultaneamente ao lançamento no mercado internacional. Na loja da Arôme eles implantaram um conceito inédito. Criaram um bar de perfumes no qual os frascos são separados por notas olfativas e o cliente pode experimentar mais de 300 tipos de fragrâncias. São idéias inovadoras que levaram à Brasif a um desempenho muito bom ? estima-se seu faturamento em US$ 280 milhões por ano.