Doze anos após o atentado às torres gêmeas do WTC, em Nova York (EUA), ocorrido no dia 11 de setembro de 2001 e que desencadeou guerras, como as ocupações no Afeganistão e no Iraque, o mundo está novamente sob o impasse de um novo conflito. Depois de um ano e meio de guerra civil na Síria entre o ditador Bashar al-Assad e seus opositores, mais de 100 mil mortes confirmadas pela ONU e a suposta utilização de armas químicas pelo regime, as principais potências se dividem em uma provável intervenção. Mesmo assumindo um discurso de neutralidade, o Brasil pode ser prejudicado economicamente com uma possível ampliação dos confrontos.

 

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As torres gêmeas foram alvo de ataques terroristas no dia 11 de setembro de 2001

 

Entre os principais países envolvidos estão, de um lado, Estados Unidos, França, Reino Unido e Arábia Saudita. Do outro, Rússia, China e Irã. Para o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Fábio Faria, mesmo que o Brasil optasse por apoiar diretamente a intervenção, o comércio com os outros países não seria alterado. ?Já temos um mercado consolidado com todos e não vejo isso sendo afetado?, afirma Faria. ?Mas, analisando os fatos historicamente, não vejo o País entrando diretamente em uma eventual guerra.?

 

A região do conflito, rica em petróleo, no entanto, é a que pode afetar diretamente o comércio exterior do Brasil. Apesar do pré-sal e do aumento da produção de petróleo em algumas regiões, o País ainda importa grande quantidade do produto. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior, a balança brasileira de petróleo e derivados ficou com um déficit de US$ 5,3 bilhões no ano passado. Em 2013, o saldo está ainda mais negativo: US$ 15,4 bilhões. ?Mesmo com maior produção interna, o mercado doméstico está muito aquecido?, diz Welber Barral, consultor e ex-secretário de Comércio Exterior. ?Uma guerra aumentaria os preços e prejudicaria a já afetada balança.?

 

 

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Potências mundiais se dividem em uma possível intervenção na guerra civil síria

 

 

As relações comerciais entre Brasil e Síria já diminuíram bastante desde o início da guerra civil. Em 2011, as exportações brasileiras para lá somaram US$ 366 milhões e representaram apenas 0,13% do total angariado pelo País naquele ano. Até o mês de julho de 2013, o número caiu para US$ 30 milhões. ?Isso é contornado buscando-se outros mercados?, afirma Faria, da AEB. A região onde está situada a Síria, porém, pode prejudicar o comércio com países como Turquia e, principalmente, Egito. ?É um dos principais polos importadores de alimentos do Brasil?, diz Barral. ?Se o conflito afetar a logística e a capacidade de pagamentos da região, o setor alimentício será o primeiro a sentir aqui no País.?

 

Comercialmente falando, uma possível intervenção só seria benéfica aos países exportadores de armas, como Estados Unidos, Reino Unido e Rússia. “O Brasil até exporta, mas é um número bem pequeno”, afirma o ex-secretário de Comércio Exterior. Aumentar ainda mais o número de mortes também não é nada positivo para a economia mundial. “É evidente que um conflito nunca é vantajoso” diz Faria. “Ele dizima e sempre empobrece uma população inteira, tirando-a do mercado de consumo.”

 

 

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