11/11/2009 - 8:00
Ver os irmãos Patrícia, 38 anos, e Eudoxios Anastassiadis, 34 anos, conversando sobre os projetos da Anastassiadis Arquitetos, empresa da qual são sócios, é como relembrar as cômicas discussões de Harry e Sally, os personagens interpretados por Billy Crystal e Meg Ryan no filme Harry e Sally – Feitos um para o Outro (1989). Eles divergem, com bom humor, sobre os menores detalhes. Enquanto Patrícia é a artista criadora de belos projetos arquitetônicos ao redor do mundo, Eudoxios é o homem dos números, afeito a resultados, projeções e estatísticas. Se um diz A, o outro diz B. Mas, no fim das contas, se completam. E, nas últimas semanas, eles têm mantido a retórica mais afinada do que nunca. Passaram a sorrir efusivamente depois que a cidade do Rio de Janeiro foi eleita sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Somada aos projetos que a empresa já estava tocando para a Copa do Mundo de 2014, a demanda pelo trabalho no setor de decoração na hotelaria cresceu 35%. “Acabamos de assinar um contrato para projetar um hotel no centro do Rio e estamos trabalhando em um empreendimento da cadeia Golden Tulip em Copacabana”, diz Patrícia. Ao todo, a Anastassiadis Arquitetos está à frente de projetos em 15 hotéis no Brasil e no Exterior.
O ânimo da dupla, com os eventos esportivos que aterrissarão no Brasil, é justificado pelo caminhão de dinheiro que será convertido em concreto e decoração nas principais capitais do País. O BNDES anunciou que vai liberar R$ 1 bilhão para o setor hoteleiro e turístico até 2016. “Isso não dá nem para o começo”, diz Alexandre Sampaio, diretor da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH). “Estamos pleiteando R$ 5,5 bilhões.”
Parte do dinheiro será usada para a construção de novos hotéis e o restante para a reforma de outros já existentes. Estimase que o Brasil possua 158 mil quartos, mas apenas 60 mil unidades se encaixam nos parâmetros exigidos pelo Comitê Olímpico Internacional e pela Fifa. É nesse cenário que Patrícia e Eudoxios entram. Apesar de o escritório da dupla ainda ser forte na área imobiliária e comercial, o que responde por 50% do faturamento, a área hoteleira passou a ser, cada vez mais, a menina dos olhos de Patrícia.
Fundado há 16 anos, o escritório hoje comanda cerca de 80 projetos simultâneos que movimentam R$ 2 bilhões e já projetou de restaurantes do McDonald’s a Sony Store, de empreendimentos imobiliários de alto luxo ao Club Mediterranée em Trancoso. “O trabalho dela foi um sucesso”, diz Janick Daudet, presidente do Club Med para a América Latina, referindo-se à reforma realizada em 2002. “O estilo da Patrícia é simples, rústico e chique.” Foi esse estilo que chamou a atenção do grupo português Tivoli, que a convocou para fazer a reforma do hotel Mofarrej, nos Jardins. O resultado impressionou tanto os portugueses que ela foi contratada para fazer o mesmo com um hotel localizado em Carvoeiro, em Portugal. Paralelo a isso, ela participa de uma concorrência para um hotel de US$ 250 milhões nos Emirados Árabes e também foi a escolhida para dar uma nova cara aos restaurantes do requintado hotel Ritz Carlton de Santiago do Chile. Essas credenciais fizeram a fama da Anastassiadis Arquitetura como uma empresa que cobra caro pelos serviços. “Cobramos o que vale”, diz Patrícia.
Eudoxios entra em cena e, concordando plenamente com a irmã, dispara. “Qualidade é tudo o que você lembra depois que esqueceu o preço.” Os dois, definitivamente, foram feitos um para o outro.