Dois mortos, 42 feridos e 2.600 deslocados. Este é o balanço do terremoto de magnitude 4.0 que fez tremer a turística ilha de Ischia, em frente ao litoral de Nápoles, informaram nesta terça-feira as autoridades italianas.

Após 16 horas de trabalho intenso, as equipes de resgate retiraram nessa terça-feira três crianças que estavam presas sob os escombros de sua casa em Casamicciola, no noroeste da ilha.

“Ciro é o menino herói: salvou a vida de seus irmãos”, comentaram os bombeiros que elogiaram sua valentia por proteger seus irmãos mais novos sob cama e usar um pedaço de pau para chamar a atenção dos socorristas.

Durante a noite, as equipes de emergência retiraram o pai e, depois, os outros dois filhos, Pasquale de 7 meses e Mattias, até culminar com o terceiro resgate após 16 horas.

O pai das crianças contou à imprensa que estava na cozinha quando aconteceu o desabamento.

Os meninos estavam em seu quarto, enquanto a esposa, grávida de cinco meses, estava no banheiro e conseguiu sair por uma janela. Ela foi a responsável por alertar as autoridades. Toda a família se salvou.

As autoridades de saúde informaram que as duas pessoas que morreram são mulheres, uma ao ser atingida pelo material que caiu de uma igreja e a outra soterrada sob as pedras que desmoronaram na casa em que vivia.

No total 42 pessoas ficaram feridas, uma delas em estado grave.

O chefe do departamento de proteção civil, Angelo Borrelli, lamentou que as construções de Casamicciola e da vizinha Lacco Ameno, áreas muito povoadas durante a temporada de verão, tenham sido as mais afetadas pelo terremoto devido aos materiais de má qualidade com que foram edificadas.

– O respeito às leis antissísmicas, um objetivo –

Segundo os especialistas, os danos causados pelo movimento telúrico em Ischia foram excessivos porque as normas de segurança para as zonas sísmicas não foram respeitadas.

Vários edifícios desabaram, e outros apresentavam rachaduras e danos após o terremoto relativamente fraco, o que gerou muita polêmica.

O ex-promotor de Nápoles Aldo de Chiara denunciou no jornal “Il Corriere della Sera” o elevado número de construções ilegais, realizadas em uma zona de intensa atividade sísmica, de origem vulcânica e apreciada como destino turístico internacional.

Muitos turistas, entre eles os que preferiram passar a noite ao ar livre por medo das réplicas, começaram a deixar a ilha.

A proliferação de construções ilegais, realizadas a baixo custo com cimento misturado com areia do mar, foi denunciado pelo presidente da associação ecologista Legambiente, Michele Buonomo.

Em 1970 entraram em vigor as normas antissísmicas, que incluem o isolamento da base da terra ou a instalação de amortizadores para reduzir o impacto do terremoto, medidas que costumam ser descumpridas por seus altos custos.

O tremor aconteceu às 20H57 (18H57 GMT, 15H57 horário de Brasília), com epicentro localizado a 10 km da ilha. O principal terremoto foi seguido por 14 réplicas menores.

O abalo aconteceu poucos dias antes do primeiro aniversário, na quinta-feira, do terremoto que deixou 299 mortos em Amatrice e em municípios vizinhos do centro do país.

Em outubro de 2016 e em janeiro 2017 três terremotos abalaram a mesma região.

Em plena temporada turística de verão, os restaurantes estavam lotados, e as lojas continuavam abertas no momento do terremoto.

“Uma experiência terrível, tudo estava tremendo e as luzes se apagaram, as casas desmoronaram, eu tinha um nó na garganta, um pesadelo”, escreveu a mulher.

A ilha de Ischia é cenário frequente de terremotos, o mais grave deles ocorrido em 1883, quando um tremor de 5,8 graus deixou mais de 2.000 mortos, incluindo a família do filósofo Benedetto Croce, que tinha 17 anos e foi resgatado dos escombros.