22/10/2020 - 10:02
Uma “nuvem de tristeza” se abatia, nesta quinta-feira (22), sobre o centro de Dublin, a capital da Irlanda, primeiro país da Europa a entrar no segundo confinamento contra o coronavírus. Uma medida que dava às suas ruas o aspecto de uma cidade-fantasma.
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“É um pouco sombrio e perturbador”, disse à AFP Sunniva O’Flynn, de 57 anos, em uma rua quase deserta durante o que normalmente seria um horário de pico.
“Tem de novo essa espécie de nuvem de tristeza pelo fato de que a cidade esteja abandonada”, acrescentou.
Os estabelecimentos comerciais não essenciais ficarão fechados por seis semanas, e os irlandeses podem sair de casa apenas em situações específicas, como fazer exercícios – a uma distância máxima de cinco quilômetros – e trabalhar em um setor considerado essencial.
Bares e restaurantes podem servir apenas comida para entrega. Já as escolas continuam abertas, marcando a principal diferença em relação ao longo confinamento da primavera (outono no Brasil).
Em Grafton Street, uma das principais ruas comerciais de Dublin, não se vê a intensa atividade habitual das quintas-feiras.
Apenas alguns poucos passageiros de máscara ocupam seus assentos nas transvias, em geral lotadas nesse horário. O transporte público teve sua capacidade de funcionamento reduzida para 25%.
“Tenho muitas dificuldades com este confinamento em particular”, disse Jo Finn, um bancário que vive sozinho e teme longas semanas de isolamento.
“Quero apenas voltar à normalidade. Sinto falta dos meus amigos, da minha família e da minha vida normal”, desabafou Finn.
A pandemia deixou quase 1.900 mortos na República da Irlanda, país com menos de cinco milhões de habitantes, segundo números oficiais que também mostram um forte ressurgimento dos contágios: 1.167 novos casos positivos registrados na quarta-feira (21).
Após ter chegado a um teto de 77 mortes diárias em abril, o número de falecimentos hoje é inferior a dez por dia na atualidade.
“O vírus se encontra agora em um ponto em que se propaga de muitas maneiras diferentes”, advertiu o ministro da Saúde, Stephen Donnelly, em entrevista à emissora pública RTE.
Segundo ele, este confinamento é um “ataque preventivo” diante de um surto do vírus. O ministro destacou que o país já conseguiu superar com sucesso a crise de há alguns meses.
“Funcionou. Achatamos a curva (…), e hoje é o primeiro dia de quando achataremos a curva pela segunda vez”, completou o ministro.