Eles se chamavam de Dutch e Razzlekhan, mas a internet preferiu rebatizá-los de “Bonnie e Clyde dos anos 2020”, após sua detenção vinculada a um roubo de criptomoedas.

Ilya Lichtenstein, de 34 anos, e sua mulher, Heather Morgan, de 31, foram presos na terça-feira (8) em Nova York e um juiz ordenou que devem permanecer detidos até sua próxima audiência no fim de semana.

Segundo a Justiça americana, o casal é suspeito de receber e lavar bitcoins roubados da plataforma de câmbio virtual Bitfinex em 2016. Antes de sua prisão, os investigadores recuperaram 94.000 bitcoins, cujo valor é estimado em 3,6 bilhões de dólares, uma apreensão recorde.

Segundo os promotores, os bitcoins estavam em uma carteira virtual em poder de Ilya Lichtenstein.

O restante dos bitcoins roubados teria sido lavado através de transações complexas que envolvem programas de computador, conversão em outras moedas virtuais e contas bancárias abertas com identidades falsas, detalhou a acusação.

Contudo, mais do que as proezas tecnológicas e financeiras da dupla, as redes sociais se agitaram nesta quarta-feira (9) com os videoclipes da rapper Heather Morgan, conhecida como “Razzelkhan”.

Seu canal no YouTube não está mais no ar, mas alguns trechos dos vídeos, que estão sendo amplamente compartilhados, permanecem na internet. “Sou o maldito crocodilo de Wall Street”, diz um dos versos de “Razzelkhan”.

Em um artigo de opinião publicado em 2019 pela revista Forbes – para a qual ela escreveu por vários anos -, Morgan explica que sofreu com problemas de linguagem durante a juventude e que foi alvo de piadas por conta de seu timbre de voz agudo, e que começou a fazer rap após “se esgotar” profissionalmente.

– ‘Superbizarra’ –

Em outros depoimentos disponíveis na internet, ela cita várias fases de sua vida, cuja veracidade é difícil de ser comprovada.

Um artigo também menciona uma fuga do Brasil após descobrir a infidelidade de um esposo com quem se casou muito jovem. Em outros, cita a criação, aos 23 anos, de una empresa especializada em “Cold Mailing”, uma técnica de prospecção comercial com a qual, segundo ela, enriqueceu.

Porém, em seu perfil no Facebook, ela apresenta a imagem de uma adolescente-adulta, com mensagens em seu chat e com suas melhores amigas, ‘selfies’ e reflexões inspiradas como “somos todos impostores, não seja tão duro consigo mesmo”.

Nessa mesma mistura de estilos, seu esposo Ilya Lichtenstein, um russo-americano apelidado de “Dutch”, se apresenta nas redes sociais como “empreendedor tecnológico, programador de códigos e investidor”, enquanto assegura ter alugado telas publicitárias gigantes na Times Square para pedir Heather em casamento.

“Eu sabia que tinha que fazer algo memorável que mostrasse o quanto amo e aprecio a verdadeira Heather, não só a empreendedora durona, mas também a criadora superbizarra”, explica Lichtenstein.

Pouco compreensíveis para os não iniciados, seus tuítes falam de finanças virtuais ou de NFT (certificados de autenticidade associados a objetos virtuais). Em uma mensagem de novembro, critica um artigo sobre criptomoedas que não oferece conselhos para transações seguras.

Seguindo essa mesma linha, Heather compartilhou em 2020 com os leitores da Forbes suas “dicas especializadas para proteger uma empresa dos cibercriminosos”.

Hoje, ela e o marido podem pegar até 25 anos de prisão pelo crime cibernético do qual estão sendo acusados.