A conversa sobre investimentos aderentes a métricas ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança) fica mais difícil quando eventos no curto prazo – como as guerras na Ucrânia e em Israel – influenciam a alta dos preços do petróleo. Porém, para o longo prazo, a aposta na sustentabilidade pode ser mais atrativa, na avaliação de Marcos Kawakami, líder de renda variável da BNP Paribas Asset Management.

“É bem desafiador falar de ESG neste momento. No curto prazo a gente tem duas guerras, temos um choque de petróleo que acaba influenciando de forma significativa esse tema, pois é difícil falar de alternativas energéticas de forma rápida e sustentável. Então fica complexo falar sobre isso quando temos eventos pontuais”, disse Kawakami, durante painel no 44º Congresso Brasileiro de Previdência Privada, na quinta-feira, 19.

Por outro lado, o responsável por renda variável na gestora destaca que ESG, também lido como “sustentabilidade”, é algo que dificilmente é visado para o curto prazo, mas sim para o longo prazo.

Ele menciona o Acordo de Paris, tratado internacional com o objetivo de reduzir o aquecimento global, o que deve movimentar bilhões de dólares anualmente. “Vai gerar oportunidades em muitos setores”, diz Kawakami. “Temos preocupação financeira de curto ou médio prazo para entregar resultados, claro, mas na ‘caixinha’ [de investimentos] de longo prazo, vai ter oportunidade.”

Já sobre mitigação de riscos, o especialista avalia que as práticas ESG nos investimentos ainda têm “um histórico muito curto para se conseguir mensurar”. “O histórico de implementação mais forte veio em 2017, 2018. Só olhando esse histórico pré-pandemia fica difícil mensurar”, diz. Mas Kawakami destaca que o tema tem levado sim a uma cobrança maior por sustentabilidade das empresas investidas pelas gestoras, o que beneficia o investidor na ponta.