O IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para operações de câmbio está fixado em 3,5%, independentemente se realizadas em dinheiro em espécie, cartão de crédito, cartão pré-pago ou cheques-viagem. A nova alíquota passou a valer desde a publicação de decreto em 23 de maio. Até então, a alíquota era de 1,1% para compra de moeda em espécie e de 3,38% nas outras transações.

Nesta segunda-feira, a moeda norte-americana fechou no menor valor do ano, a R$ 5,48, enquanto seis meses atrás era cotada acima de R$ 6.

+ Como fica o IOF e quais impostos terão aumento; entenda as medidas do governo

As mudanças têm impacto direto no custo de viagens internacionais, que ficam mais caras. Em simulação feita pelo planejador financeiro e especialista em investimentos, Jeff Patzlaff, considerando um dólar a R$ 5,63, patamar na época da mudança na alíquota, o viajante que comprasse US$ 1 mil em espécie, passou a ter um custo total R$ 5.832,06 com a alíquota em 3,5%, ante R$ 5.696,82 com IOF anterior de 1,1%, uma diferença de R$ 135,24.

Para quem tem viagem internacional na agenda, é comum surgir a dúvida sobre qual o melhor momento para comprar a moeda. Especialistas apontam que não há um momento certo para a compra de moeda estrangeira, principalmente o dólar, já que há bastante oscilação de cotação, além da dificuldade em se cravar o comportamento da moeda.

O ideal, orientam, é fazer essa compra aos poucos, de forma escalonada.

+ Dólar abaixo de R$ 5,50: o que explica a queda e o que esperar para a cotação

“A compra do dólar agora vale a pena se você tem despesas previstas em curto período, mesmo com IOF em 3,5%, pois a cotação atual favorece, estando abaixo da média do ano. Caso precise para despesas no curto prazo, o ideal é fracionar a comprar e ir fazendo um preço médio“, diz Patzlaff.

Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, lembra que o momento é ainda de muita volatilidade. “Para quem avalia a compra de dólares, com objetivo de médio e longo prazo, deve fazer as contas, ponderar as taxas adicionais e avaliar se vale a pena antecipar ou postergar a compra”.

Além do IOF mais alto, as instituições operadoras de câmbio ainda cobram uma taxa pela operação. Por isso, vale pesquisa, especialmente entre fintechs, se há alguma iniciativa de isenção de taxas. Alguns cartões de crédito de uso internacional também podem isentar o cliente de taxas, vale checar com a operadora.

Outra orientação dos especialistas é diversificar as formas fazer pagamentos no exterior. A saber:

Moeda em espécie

O viajante vai comprar pelo valor da cotação no dia da compra mais IOF e eventuais taxas. Vale dizer que a digitalização dos meios de pagamento está bem disseminada e não há mais necessidade de se ter uma grande quantia em espécie para circular, principalmente em países popularmente turísticos.

Conta internacional em moeda estrangeira

Instituições como Nomad, Wise, C6, Inter entre outras, oferecem a possibilidade de uma conta internacional em moeda estrangeira. Nessa opção, é possível ir comprando moeda aos poucos com o saldo – em moeda estrangeira – se acumulando nessa conta. Depois, o cartão, físico ou digital, é usado lá fora como um cartão de débito. A vantagem é que vai ser considerada a cotação do dia da compra da moeda. Logo, aquele valor acumulado fica “garantido”, e o consumidor não têm “surpresas” com os gastos sujeitos à variação do câmbio.

Cartão de Crédito Internacional

Nessa modalidade, o viajante usa seu cartão de crédito normalmente para pagamentos, assim como faz no Brasil, e o valor da compra vai considerar a cotação do dia e a cotação da operadora do cartão. Também será cobrado o IOF e, a depender do cartão, alguma taxa para uso no exterior. Portanto, o que pode ocorrer é que o turista use o cartão no primeiro dia de viagem com uma cotação e no último dia seja outra cotação – acima ou abaixo do planejado, ficando o consumidor, então, exposto ao risco da oscilação cambial.

Pesquisar e comparar

Também devem ser considerados aspectos particulares do destino da viagem, diz Patzlaff. “O cartão internacional pode valer mais a pena pela praticidade e segurança. Já em destinos com economia menos digitalizada ou com risco elevado de fraude, pode ser necessário portar uma quantia em espécie”, por isso, vale pesquisar sobre o assunto no país de destino.

“Fazer câmbio vai muito além de apenas trocar reais por outra moeda, envolve conhecer impostos, tipos de câmbio, comparar taxas e, principalmente, se planejar com antecedência. Tudo isso pode garantir economia”, afirma Taísa Bilecki Dias, head de Câmbio do Braza Bank.

Vale dizer que todos os custos da operação devem ser devidamente informado ao cliente por meio do VET (Valor Efetivo Total), que vai detalhar não só a cotação aplicada na operação como alíquota de imposto e taxas administrativas.

A educadora financeira da Neon, Daiane Alves, aponta ainda que a pesquisa é uma estratégia importante, já que “a diferença de cotação entre duas casas de câmbio na mesma cidade pode chegar a mais de 10%’, diz. “Algumas corretoras e casas de câmbio oferecem a opção de agendar a compra de moeda para um momento em que o valor esteja mais favorável. Também existem plataformas digitais que permitem monitorar a cotação em tempo real e até definir alertas”, orienta.