O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira, 16, que um dos desafios dos governos para o crescimento da economia no pós-pandemia é o equilíbrio entre o social e o fiscal. “É importante olhar para o social também, e é importante que o social não seja apenas assistencialismo, mas seja dar oportunidade para pessoa crescer e se inserir em um mundo competitivo”, disse.

Campos Neto defendeu que a credibilidade é essencial para um crescimento sustentável da economia brasileira. “Temos uma situação fiscal complexa então não vamos crescer simplesmente com impulso do governo. Precisamos do setor privado acreditando, investindo e tomando risco”, afirmou.

Para isso, acrescentou, o governo tem que gerar credibilidade, com uma melhor segurança jurídica, um melhor processo de recuperação de crédito e transmitindo para a sociedade que o governo terá contas equilibradas à frente, enumerou.

Campos Neto defendeu ainda que a forma mais sustentável e mais de longo prazo de gerar crescimento é entender que ele é eminentemente feito por um processo competitivo, no qual é preciso ter respeito pelos processos de preço e mercado.

Percepções de agentes do mercado

O presidente do Banco Central afirmou também que, no longo prazo, preocupa a percepção dos agentes econômicos de que o crescimento potencial do Brasil é baixo. Ele citou que, na comparação entre agosto de 2021 e junho de 2023, houve mais uma queda na perspectiva do que os agentes entendem como crescimento potencial do Brasil, de acordo com dados do Questionário Pré-Copom (QPC).

A mediana das estimativas para a taxa de crescimento do PIB potencial passou de 2,0% para 1,8% entre os períodos.

“Vemos alguns fatores para isso: o crescimento da população em idade de trabalhar caindo; o investimento também em uma média de longo prazo caindo; e a produtividade caindo, com uma queda recente grande”, enumerou Campos Neto.

Arrecadação

O presidente do Banco Central afirmou ainda que é preciso aprovação de medidas adicionais que aumentem a arrecadação entre 2024 e 2026. Ele citou a diferença entre as previsões do mercado para o resultado primário do setor público consolidado no período e as metas do governo.

Campos Neto emendou que, para fazer a entrega desejada pelo governo, são necessárias medidas adicionais, que gerem um incremento de arrecadação em termos de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, 1,5% do PIB em 2025 e 1,7% do PIB em 2026. “Há um pouco de ceticismo em relação a essa capacidade”, disse. “Temos medidas importantes para serem aprovadas nesse sentido.”

O presidente da autarquia participou na manhã desta quarta do 35º Congresso da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).