25/07/2013 - 22:34
Na última quinta-feira (25), o sistema de pagamentos Paypal divulgou que, apenas no ano passado, os brasileiros gastaram R$ 2,6 bilhões em sites de compra no Exterior. Mesmo com os longos períodos de espera para receber a mercadoria ? pode chegar até a 40 dias úteis ? e o perigo iminente dela ser apreendida pela alfândega, a tendência é que o número salte ainda mais: R$ 16,8 bilhões até 2018, de acordo com o levantamento. Os preços baixos continuam sendo preponderantes para os brasileiros.
Brasileiros gastaram US$ 2,6 bilhões em 2012 em sites do exterior. Estimativa é de US$ 16,8 bilhões até 2018
Para não pagar impostos, o consumidor tem que realizar compras abaixo de US$ 50 ou torcer para não ser parado na alfândega. ?Mesmo sendo taxado, no entanto, acaba saindo mais barato do que comprar no Brasil?, afirma o analista de segurança da informação, Denis Lourenço, que busca desde peças para sua bicicleta até eletrônicos em portais gringos. Medicamentos para uso pessoal, sendo comprovada necessidade por receita médica, e artigos impressos em papel, como livros e jornais, não pagam taxas, mas também não estão entre os itens mais procurados. ?Roupas, acessórios e eletrônicos dominam as compras no Exterior?, diz Djalma Ferreira, afiliado no Brasil do site de entregas Shipito.
Grandes empresas como eBay e Amazon fazem fretes internacionais, mas outros sites surgiram para ajudar nessa intermediação, como o Shipito. Ele fornece endereços fixos nos Estados Unidos e Europa para receber as mercadorias de portais que não entregam em outros países e até organiza diferentes aquisições em um mesmo pacote. ?Se o site não faz entregas, também damos a opção de compra assistida, onde o consumidor nos fala o produto que deseja e nós adquirimos na loja física?, afirma Ferreira, que é responsável pelos oito mil clientes ativos da empresa no Brasil.
eBay é um dos sites mais procurados pelos brasileiros que querem fazer compras internacionas pela internet.
A prática não traz benefícios tributários ao País, segundo Letícia do Amaral, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). A alta carga de impostos não estimula a compra de produtos importados no Brasil e, ao mesmo tempo, os crescimentos econômicos e tecnológicos permitem que os compradores procurem alternativas mais baratas. ?Atualmente, as pessoas têm mais condições de viajar para o Exterior e fazer compras. O fácil acesso aos sites de compra também estimula esse consumo?, diz Amaral. ?Se nada for feito, esse número de gastos no exterior só vai crescer. Sabemos que, se for do interesse do Governo, é possível diminuir essas alíquotas.?
Ainda de acordo com a vice-presidente do IBPT, o Brasil deixa de receber cerca de 30% do valor total arrecadado pelos sites internacionais em impostos. Se o cenário persistir, no entanto, casos como da estudante de arquitetura Tamires Lima continuarão ocorrendo. ?Comprei acessórios para o meu celular que foram barrados na chegada. Paguei a taxa e ainda assim gastei três vezes menos do que se tivesse adquirido no Brasil”, afirma.
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