O integrante do conselho do Banco Central Europeu (BCE) Martin Kazaks afirmou nesta terça-feira, 19, que é muito cedo para declarar vitória sobre a inflação e que, portanto, ainda não é altura de reduzir as taxas de juros. Em postagem no blog do Banco da Letônia, do qual o dirigente também é presidente, Kazaks argumentou que a inflação subjacente ainda é elevada na zona do euro, e que se essa medida permanecer elevada, a inflação geral dos preços no consumidor subirá novamente.

Para ele, um crescimento salarial muito rápido e duradouro pode, por si só, conduzir a aumentos de preços e iniciar uma espiral salários-preços, cuja interrupção exigiria um aumento ainda maior das taxas de juro e um abrandamento da economia ainda mais rápido. Para evitar isto, as taxas de juro devem ser mantidas nos níveis atuais durante algum tempo – até que seja certo que o ritmo de crescimento dos salários está abrandando e não corre o risco de desencadear uma nova onda de inflação, afirma o dirigente.

“A política monetária é eficaz e reduz a inflação. Mas o objetivo ainda não foi alcançado, a incerteza e os riscos ainda permanecem. Um corte precipitado nas taxas de juros pode ‘reanimar’ a inflação. Paciência e uma abordagem passo a passo são necessárias”, disse Kazaks.

Para ele, a boa notícia é que a inflação desacelerou rapidamente. “Em novembro, a inflação homóloga ajustada dos preços no consumidor na área do euro caiu para 2,4%, com uma descida mais rápida do que o esperado nas taxas de inflação. Embora o principal contributo para a redução da inflação seja a queda dos preços dos recursos energéticos, o aumento das taxas de juro implementado pelo Conselho do BCE fez com que as taxas de inflação abrandassem em praticamente todos os grandes grupos de bens e serviços”, aponta.