05/06/2024 - 14:49
A queda de 0,5% na produção industrial em abril ante março devolveu parte do ganho de 1,0% acumulado nos dois meses anteriores de avanços seguidos. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal e foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Apesar desse resultado negativo no mês, a gente tem predominância de taxas de crescimento quando a gente observa as atividades e categorias econômicas”, ponderou André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.
Na passagem de março para abril, 18 das 25 atividades industriais pesquisadas registraram expansão na produção.
“Sete mostraram recuos, entre eles segmentos com pesos com uma importância grande na estrutura industrial: extrativo, produtos alimentícios, derivados do petróleo”, enumerou Macedo.
Juntos, os três segmentos respondem por quase 45% de toda a produção industrial nacional. As indústrias extrativas têm uma fatia de cerca de 15% da Pesquisa Industrial Mensal, enquanto os alimentícios respondem por outros 15%. O segmento de derivados do petróleo e biocombustíveis detém um peso entre 13% e 14% da pesquisa.
“A despeito do recuo de 0,5%, a gente enxerga um dado positivo que é a predominância de atividades em campo positivo. A média móvel trimestral permanece no campo positivo, a comparação interanual tem resultado positivo, o indicador acumulado no ano e em 12 meses todos eles em campo positivo”, defendeu o pesquisador. “A gente consegue enxergar nesse resultado negativo elementos positivos. Tem a indústria de transformação se mantendo no campo positivo pelo quinto mês consecutivo.”
A produção da indústria de transformação cresceu 0,3% em abril ante março. Já as indústrias extrativas recuaram 3,4% no período.
Macedo frisa que a indústria de transformação já completa sete meses sem perdas, uma vez que houve estabilidade em novembro passado (0,0%). Nesses sete meses, o ganho acumulado na produção da transformação é de 2,6%.
Na comparação com o mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal, a produção da indústria de transformação permanece sem quedas desde setembro do ano passado: outubro de 2023, alta de 0,3%; novembro, 0,0%; dezembro, alta de 0,5%; janeiro de 2024, alta de 0,1%; fevereiro, alta de 0,5%; março, alta de 0,8%; abril, alta de 0,3%.
“O último resultado negativo observado na indústria de transformação foi em setembro de 2023, queda de 0,4%”, disse Macedo.
Nos últimos cinco meses de crescimentos consecutivos, a indústria de transformação teve um ganho acumulado de 2,3%. No mesmo período, a indústria geral teve um crescimento acumulado de 0,6%, ou seja, as perdas nas indústrias extrativas reduziram a média global.
Macedo lembra que as extrativas vinham de uma expansão bem acentuada em 2023, iniciando 2024 num ritmo menor, em função da base de comparação elevada e um ambiente em que o “preço no mercado internacional está mostrando menor intensidade”. No mês de abril, houve redução na produção tanto do petróleo quanto do minério de ferro.
“Muitas decisões estratégicas de maior ou menor produção estão associadas à questão de preços”, confirmou Macedo.
No entanto, o pesquisador pondera que elementos macroeconômicos ainda contribuem para um “entendimento de um comportamento ligeiramente positivo para o setor industrial” como um todo, entre eles a melhora do mercado de trabalho, com aumento na ocupação e na massa de rendimento, e a redução dos juros, com reflexos sobre o nível de endividamento.