05/08/2019 - 18:00
Uma empresa que em 2015 tinha faturamento de R$ 5 milhões e em 2018, diante de diversas crises no país, conseguiu elevar este número para mais de R$ 20 milhões merece destaque, certo? Claro, mas a Monitora realiza um trabalho silencioso que as vezes fica sob o radar dos grandes negócios. O fato da empresa estar sediada em São Carlos também poderia outro problema para a visibilidade da marca, porém a cidade é uma das soluções para a companhia que oferece serviços de outsourcing para grandes empresas do planeta, como Latam, Movidas e VistaJet.
A tradução de outsourcing para o português é terceirização, porém o termo não é 100% correto para definir as atividades da Monitora, uma vez que eles oferecem serviços que seus clientes provavelmente nunca conseguiriam fazer. A empresa é responsável por trazer soluções digitais para problemas tecnológicos, criando aplicativos para melhorar processos, ou mesmo softwares para agilizar questões internas.
Atualmente com mais de 200 colaboradores espalhados por todo o planeta e uma sede comercial em Londres, a empresa, que começou em 2008, é hoje referência em exportar a tecnologia brasileira para Europa e América do Norte, ganhando o prêmio da Great Place To Work por ser a melhor empresa de TI para se trabalhar em Ribeirão Preto e Região, em 2018. Conversamos com Marcos Chiodi, diretor executivo da Monitora, sobre a empresa, a sua localização privilegiada e seus grandes projetos.
Como começou a Monitora?
MARCOS CHIODI: Começamos no mercado de agricultura. Desenvolvemos um software e hardware que fazia o gerenciamento de combustível de caminhões. As usinas de cana de açucar tinham o problema que algumas vezes funcionários da empresa usavam a bomba da usina para abastecer o próprio carro, causando prejuízo. Trouxemos uma solução que a bomba só abasteceria veículos equipados com o hardware.
Enxergamos ai uma oportunidade de ajudar empresas que não tem foco na tecnologia e que precisam de soluções digitais para seus problemas. O fato de estar em São Carlos também ajudou pois aqui conseguimos recrutar pessoas altamente capacitadas, muitas que tinham acabado de voltar de programas de intercâmbio internacional do governo, então tinham domínio de uma segunda língua.
Como aconteceu o contato com outros clientes?
Nossos parceiros até hoje, a VistaJet estava trabalhando com fornecedores ao redor do mundo, como na Bulgaria, Ucrania, na Russia e Espanha. O CIO da empresa era brasileiro e estava buscando parceiro locais. Nos encontrou via indicação, e um projeto que começou com um desenvolvedor fazendo softwares a distância, chegou a ter 160 profissionais trabalhando.
Qual a relação com desenvolvedores de outros países?
A relação tende a ser harmoniosa porque aprendemos a fazer isso. Um de nossos clientes da Alemanha diz que se não fosse o fuso, o desenvolvimento seria como se estivéssemos lado a lado. Temos também um caso de um cliente Irlandês onde desenvolvemos uma solução com um desenvolvedor português e um alemão para o recrutamento de estrangeiros na Europa. Nós também ensinamos inglês aos nossos funcionários, temos três turmas dentro da empresa de graça para que todos saibam falar.
E com os funcionários de São Carlos?
São Carlos oferece uma enorme competência técnica, mais de 70% de nossa força de trabalho vem daqui. Eu diria que as instituições daqui conseguem quase sempre formar profissionais com competência técnica maior do que encontramos no exterior. Outro fator é que os brasileiros tem uma criatividade e um entendimento de processos muito forte, isso são os clientes de fora que dizem. Enquanto desenvolvedores de fora não conseguem lidar com situações de problema, nossos funcionários conseguem se adaptar e resolver a situação. Exemplo: a Vistajet tinha umas aplicação de check in baseada num aparelho que se acopla ao celular, trazendo uma complexidade técnica. Nós da monitora vimos isso e propusemos outra tecnologia, baseada em NFC, e mostramos ao cliente. Nossa solução transformou um processo que demorava de um a dois minutos em média, para uma questão de segundos.
Os aplicativos e aplicações são feitos do zero, ou vocês tem uma base que vocês adaptam para cada caso?
Quando a gente tá falando de outsource e desenvolvimento de software da forma que a Monitora faz, partimos do zero. Nós desenvolvemos e assinamos um contrato indicando que o código é deles. Agora, obviamente que a gente utiliza da nossa expertise mo mercado para agilizar o desenvolvimento.
Que outras soluções criadas por vocês estão sendo usadas na prática por seus clientes?
Tem um hangar da Latam aqui em São Carlos responsável por fazer a manutenção nas aeronaves. O hangar cabe de sete a dez aeronaves, muito grande. O pessoal da manutenção tinha o problema do mecânico ter que pegar uma girafa (carro com escada) e ir em cada avião tirar fotos de problemas na aeronave, e depois ter que se locomover até a central de computadores para fazer um relatório com as manutenções necessárias. Pensamos em como reduzir o tempo “inútil” que ele está gastando com o transporte. Nós então fizemos um app para android, no qual o mecânico tira a foto pelo celular, identifica o dano pelo celular, numera o dano, coloca os comentários necessários e ao final aperta o botão e o relatório é gerado para ele, sem precisar ir para a central de computadores. Ele faz o processo inteiro sem precisar voltar pro centro onde está o computador, garantindo um ganho de 40% no tempo do mecânico.