A Zona Franca de Manaus, quando foi idealizada, tinha como objetivo a substituição de importações e as vendas para o mercado interno. Agora, diante da crise econômica que toma conta do País, é preciso mudar. Segundo o governador do Amazonas, José Melo de Oliveira (Pros), é necessário expandir sua área de atuação para os demais países latino-americanos, como Peru e Bolívia. Acompanhe a entrevista:

O sr. afirma que pretende aumentar as exportações da Zona Franca de Manaus. Como?
Quando foi concebido, o modelo da Zona Franca era o de substituição de importações. O legislador imaginava que você produziria, por exemplo, motos aqui, e não precisaria importar. Seu objetivo era satisfazer o mercado interno. A crise, agora, mostra que esse modelo tem um grande problema: quando o Brasil vai bem, nós vamos bem, se vai mal, somos os primeiros a apanhar. É preciso pensar em um novo modelo para a Zona Franca, que seja, ao mesmo tempo, produtor de bens para os mercados interno e externo. Existem países próximos, como o Peru e a Bolívia, que estão crescendo. Esses mercados precisam ser conquistados, em uma relação de troca. Por exemplo, o Peru compra nossas motos e smartphones, e compramos suas cebolas, que são espetaculares.

Há um plano já em andamento para isso?
Sim. Estamos trabalhando junto com a Federação das Indústrias, a nossa Secretaria de Planejamento. Com o Peru, por exemplo, as negociações estão bem avançadas.

Nesse sentido, o Amazonas busca ajuda do Governo Federal?
Sim. O Ministério das Relações Exteriores tem de estar presente. A relação não é só nossa, eles, assim como o Ministério da Indústria, têm de estar envolvidos.

O sr. esteve em Brasília negociando a liberação de recursos para o Estado. Quais são as suas demandas?
Temos consciência de que a crise brasileira é severa. As soluções não estão só no âmbito federal, têm de passar pelos Estados. Há necessidade de um esforço conjunto para fazer os ajustes que gerem a segurança necessária ao investidor. Do ponto de vista macro, tratamos da reforma da Previdência.

E a repatriação de recursos, o senhor falou sobre isso com o presidente?
Sim, o governo entendia que não tínhamos direito à repartição da multa. Mas achamos que deve ser distribuída.

Em que outras frentes o senhor tem trabalhado para trazer recursos ao Amazonas?
Eu, particularmente, estou trabalhando em um contrato de R$ 350 milhões com o Banco do Brasil para investir no meu Estado, especialmente para alavancar projetos de criação de peixes em cativeiro e fruticultura.

(Nota publicada na Edição 997 da Revista Dinheiro, com colaboração de: Rodrigo Caetano)