12/01/2023 - 16:34
“O esporte eletrônico é uma indústria de entretenimento”, disse a ministra Ana Moser ao justificar o motivo de não pretender destinar recursos da pasta para o segmento. A fala gerou reações negativas de diversas categorias e a concordância de outras. Seja qual for o entendimento do Ministério dos Esportes, a pergunta sobre a destinação de verba pública para os e-sports é totalmente válida.
Os jogos eletrônicos estão conquistando o status de esportes em outros países e seus praticantes são considerados atletas. Porém, a prática requer equipamentos que só são fornecidos por empresas privadas e até as competições têm como organizadores instituições que, de certa forma, elitizam a atividade. Não precisaria ser assim.
A Coreia do Sul, berço dos e-Sports, é um exemplo de que o governo pode apoiar os atletas. Tanto que já investiu 1,88 bilhões de euros, somadas verbas do ministério da Cultura e da prefeitura de Busan. Além disso, o país conta com iniciativas de internacionalização das competições, contribuindo com o pagamento dos valores de premiação.
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O esporte eletrônico é considerado um vetor econômico local que contribui para a exposição internacional da Coreia do Sul através da indústria de jogos. Em universidades coreanas, a exemplo do que ocorre com atletas de alto nível dos esportes de quadra nos EUA, também são reservadas vagas para jogadores. Desde 2015, a Universidade de Chung-Aung seleciona candidatos para seu Departamento de Ciências Esportivas junto a atletas de esportes convencionais.
No Brasil, ainda que faltem recursos públicos para promover a melhora de performance em quase todas as modalidades, exigir verbas para e-sports poder parecer algo fora de questão. Porém, é preciso pensar no ecossistema do segmento, que não é brincadeira. O público gamer ultrapassa 70% da população da população brasileira, segundo relatório da Newzoo. Fomentar esse mercado seria interessante até para ampliar a base de arrecadação de tributos. Ao instituir políticas públicas, o governo ajudaria ainda a combater o preconceito e marginalização dos atletas de e-sports atualmente.
Segundo Ana Moser, “o jogo eletrônico não é imprevisível, ele é desenhado por uma programação digital, cibernética, uma programação fechada, diferente do esporte”. Essa visão demonstra desconhecimento do mundo da tecnologia das suas ferramentas. Um jogo eletrônico hoje pode ser bem mais imprevisível que alguns esportes convencionais. Com o avanço dos investimentos na área, já há dúvidas quanto aos esportes convencionais serem disputados em ambientes digitais num horizonte próximo.