06/01/2010 - 8:00
Projeto Nave: Danilo Miranda, aluno (à esquerda), e o professor Eduardo Azevedo
Pode não parecer, mas este cenário descontraído na página ao lado é um ambiente de ensino de uma escola estadual do Rio de Janeiro. No bairro da Tijuca, o colégio José Leite Lopes ? agora chamado de Nave ? é um dos parceiros dos programas sociais da operadora de telefonia Oi. Jogos eletrônicos fazem parte do currículo. Desvendar o universo dos games, que tanto atrai os jovens, é matéria e vale nota. ?É totalmente diferente de uma escola normal. Quando entrei aqui, nem acreditei no que via?, diz Danilo Miranda, 17 anos, um dos atuais 500 alunos do Nave (sigla para Núcleo Avançado em Educação) carioca. Ele está no primeiro ano do ensino médio e, quando terminar o curso, vai receber também diploma de técnico em programação de jogos, reconhecido pelo Ministério da Educação. E já tem metas para quando isso acontecer. ?Quero sair com estágio na minha área numa empresa como a Microsoft?, planeja.
Operadora desenvolve programas em parceria com poder público e organizações não governamentais em educação e cultura
A carga horária é puxada. Danilo fica na escola em média das sete da manhã às cinco da tarde e a grade curricular inclui 20 disciplinas, sendo oito técnicas. Mas o futuro programador de games diz que tem conseguido dar conta de tudo. A empolgação do adolescente, segundo o professor e coordenador do curso de programação Eduardo Azevedo, é comum à maioria da turma. ?O mercado de jogos no Brasil é pequeno, mas também há poucos profissionais qualificados?, diz. ?Os alunos percebem e aproveitam a oportunidade que têm.?
O projeto Nave existe há dois anos no Rio de Janeiro e há quatro anos no Recife, Pernambuco, onde mais 540 estudantes são atendidos. ?A ideia é incentivar, utilizando a tecnologia, a redescoberta do prazer que o estudo proporciona?, diz George Moraes, vice-presidente do Oi Futuro, instituto que cuida dos projetos sociais da operadora de telefonia. No total, são cinco programas em andamento no Brasil. As iniciativas começaram em 2000, quando pouco se falava em inclusão digital no País. Só no Nave, implantado em 2007, a empresa tem investido, em média, R$ 17 milhões por ano. Considerando todos os programas, a companhia calcula que cerca de três milhões de crianças e adolescentes do ensino público sejam beneficiados.
Além do Nave, fazem parte dos projetos sociais as Escolas de Arte e Tecnologia, também chamadas de Oi Kabum. São unidades mantidas pela própria operadora e voltadas especificamente à formação profissionalizante em computação gráfica, fotografia e webdesign, por exemplo. Depois de formados, os jovens que não são absorvidos pelo mercado de trabalho podem passar a integrar a Kabum Novos Produtores, agência de comunicação do programa, e prestar serviços na área de tratamento de imagem. Outra iniciativa é o Oi Conecta. Criado em 2004, o programa fornece internet banda larga a colégios públicos e oferece atividades educativas para os alunos. Cerca de duas mil escolas são contempladas, somando dois milhões de jovens. A formação de professores também é alvo das atenções da empresa, com o projeto Tonomundo. O programa desenvolve metodologia de ensino aliada à tecnologia da informação e à comunicação e prepara os docentes para transferir esse conhecimento a alunos de escolas públicas. A operadora ainda tem espaços culturais no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, além do Museu das Telecomunicações nas duas cidades.
Em 2009, o Oi Futuro investiu R$ 30 milhões em projetos sociais próprios ou desenvolvidos em parceria com ONGs. Ainda não há uma meta para 2010, mas a intenção é pelo menos manter o volume de recursos.
?Estamos totalmente convencidos de que isso não é caridade: são iniciativas indispensáveis à sustentabilidade no âmbito social. Cidadãos melhores vão ser também trabalhadores e consumidores melhores?, diz o vice-presidente do instituto.