Dizer que 2013 tem de ser bom, custe o que custar para o governo Dilma Rousseff, é praticamente uma redundância. Como representante do Partido dos Trabalhadores, a presidenta começa o ano de olho nas eleições de 2014. Aparar as arestas dos primeiros anos, dar celeridade às obras de infraestrutura e garantir um “pibão” é uma questão de sobrevivência no poder, e Dilma sabe disso. Certamente por isso mesmo, ela nem tenha esperado que 2012 chegasse ao fim para pedir, no dia 26 de dezembro, que os empresários acre­ditassem no País e investissem mais. 

 

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A queda do investimento produtivo foi o calcanhar de aquiles de seus dois primeiros anos de mandato, comprometendo a promessa de campanha feita em 2010 de aumentar a taxa de investimento para 22% em 2014. Mais do que isso, o partido de Dilma precisa criar notícias mais positivas, depois de ficar nu em praça pública, sob os holofotes do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), e com as investigações de tráfico de influência em agências reguladoras, que teriam acontecido durante o governo do ex-presidente Lula. Dentro dessa toada, o governo federal deverá fazer, ainda, tudo que estiver ao seu alcance para fechar acordos que beneficiem a gestão do novo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. 

 

Depois de dois mandatos sem eleger sucessores na capital paulista, primeiro com Luiza Erundina (1989-1992) e depois com Marta Suplicy (2001-2004), Haddad torna-se figura imprescindível no xadrez político do PT. São Paulo é a caixa de ressonância que o partido precisa para endossar ainda mais a candidatura de Dilma à reeleição e criar uma relação mais amigável com os paulistanos, os eleitores mais refratários ao PT no País. Por ora, Dilma mantém um capital preciosíssimo no final deste primeiro tempo da partida eleitoral, que é sua aprovação pessoal recorde, de quase 80%, conforme o levantamento feito pelo Ibope, a pedido da Confederação Nacional da Indústria, no fim de dezembro. 

 

A alta popularidade é reflexo direto da estratégia do governo de preservar, a qualquer custo, o emprego e a renda dos trabalhadores. Economistas já preveem, por exemplo, que o Banco Central não hesitará em aumentar os juros, em 2013, no primeiro sinal de uma inflação acima do desejado, para não corroer o poder de compra do brasileiro. O desafio para Dilma, agora, é retomar a lua de mel com o empresariado, que a apoiava integralmente no início do mandato, por ver em sua figura uma mulher que fala o idioma dos homens de negócios. O tempo passou, mas a inércia burocrática mostrou-se mais forte que as boas intenções de Dilma. 

 

Nesse sentido, tanto o governo como o setor privado já se deram conta de que o País pode ter se livrado de velhos problemas, como os juros elevados ou o preconceito com as privatizações. No entanto, surgiram outros temas na pauta, que precisam ser monitorados com lupa. Eles vão da eficiência necessária das agências reguladoras até a busca incessante pela produtividade, passando pela necessidade dos empresários de investirem muito mais em inovação. A presidenta, em todo caso, garantiu que 2013 será um ano de mais diálogo com os representantes do setor privado, com o objetivo de tirar os planos do papel. Para os ministros, porém, 2013 será, sem dúvida, um ano de cobranças além da conta. Dada a fama de brava da mandatária, não há dúvida de que suas broncas serão ouvidas muito além do Planalto Central.