Uma das mais bem-sucedidas e rentáveis operações de comércio eletrônico no mundo acaba de aportar no Brasil. Na quarta-feira 21, o eBay, site de leilões que transferiu para a Internet o hábito americano de vender quinquilharias na garagem, fechou a compra de um de seus mais conhecidos clones, o francês IBazar. A operação, avaliada em US$ 103 milhões em ações, será submetida às autoridades que investigam a formação de monopólio. Se a papelada for aprovada, a fusão deve ocorrer em abril. ?Com apenas uma ação estratégica, ampliamos nossa presença em toda Europa e no Brasil?, afirmou Meg Whitman, presidente do eBay Inc. Na outra mão da felicidade, o céu vai ficar nebuloso para os concorrentes Lokau, Arremate e Mercado Livre, que já estavam enfrentando dificuldades no mercado brasileiro. ?A presença do IBazar, que é o primeiro colocado no Brasil quase empatado com os outros, certamente será fortalecida pela associação com o eBay, líder mundial no setor de leilões?, analisa Angela Marsiaj, diretora-geral da empresa de pesquisa Jupiter Media Metrix no Brasil. A expectativa é de que agora o eBay consiga animar de uma vez por todas os sites de leilão brasileiros.

O passado do eBay é grandioso. Rentável desde que inaugurou o modelo de leilões on-line, em 1995, a companhia tem dobrado seu faturamento a cada ano. Em 2000 as cifras bateram os US$ 431 milhões. Para ter uma dimensão da desproporção dos números, o faturamento do IBazar no Brasil no ano passado foi de aproximadamente US$ 1 milhão. Na sua expansão internacional o Ebay deu preferência a países com maior penetração da rede, como Inglaterra, Alemanha e França. Em janeiro, arrematou um lucrativo site de leilões na Coréia do Sul por US$ 120 milhões. O recém-adquirido IBazar, presente em oito países, ainda não tinha pintado seus balanços de azul. Mas estava quase lá. A meta mundial é equilibrar as contas em setembro, com uma receita baseada 70% em venda de publicidade. ?Nossos prazos no Brasil não mudaram com a compra do eBay?, assegura Julien Turri, o francês presidente do Ibazar. ?O break-even será em setembro.?

Ainda sem saber se mudará de nome em função da aquisição, o IBazar está de olho no cansaço dos concorrentes. No mês passado, o Arremate cortou 110 dos seus 270 empregados. O brasileiro Lokau refez sua estratégia internacional e fechou a operação mexicana. O Mercado Livre, por sua vez, tem a menor audiência dos quatro e sequer aparece nos números do Media Metrix. Para Turri, o movimento será de consolidação. ?Nos próximos seis meses, vamos ter uma fusão ou um grupo vai fechar as portas?, diz ele, confiante de que esse ?um? não será o IBazar. É fácil falar assim quando se tem o eBay do seu lado.

UOL + ZIP

 
Em um movimento rápido, arquitetado em poucas semanas, o UOL, maior provedor de acesso da Internet brasileira, engoliu o portal Zip.Net, famoso pelo grande número de contas de e-mail gratuitos. Em troca da aquisição, os Frias entregaram 17,9% do UOL aos portugueses da PT Multimedia, o braço digital da Portugal Telecom e controlador do Zip.Net. Como parte da operação, a Folhapar S/A e o grupo PT injetaram, cada um, US$ 100 milhões no UOL, permitindo que a maior operação da Internet brasileira respire, enquanto espera a oportunidade de lançar ações em Nova York. Agora, o Grupo Folha tem 60,1% das ações votantes da empresa, o Grupo Abril 21,9% e a Portugal Telecom, terá 17,9%. ?Dinheiro nunca faz mal?, disse Luís Frias, presidente do UOL, durante o anúncio da fusão, na tarde de quinta-feira, 22. ?Com esse aporte, a companhia não tem mais pressa de acessar o mercado de capitais.? Outro benefício aferido pelo UOL nessa fusão foi a elevação do seu valor de mercado. No final de 1999, 12,5% do negócio foi vendido a um grupo de investidores por US$ 100 milhões, valorando a empresa em US$ 800 milhões. Agora, os 17,9% foram entregues por US$ 360 milhões ? US$ 260 milhões como o Zip e US$ 100 milhões em cash. Por essa conta, o valor de mercado do UOL subiu, em pouco mais de um ano, para US$ 2,01 bilhões.