PIB recua 0,1% em comparação com trimestre anterior, quando antecipação da guerra tarifária impulsionou exportações. Previsão para o ano é de estagnação.A economia alemã encolheu 0,1% no segundo trimestre de 2025 em comparação com os três meses anteriores, segundo dados preliminares da agência federal de estatísticas Destatis.

O resultado frustra a tentativa do governo federal alemão de se recuperar de uma longa recessão. Analistas consultados pela empresa de dados financeiros FactSet esperavam crescimento zero (estagnação), entre abril e junho.

O desempenho da economia foi impactado por investimentos menores em diversas áreas, incluindo construção, mas a recuperação do consumo das famílias e do governo atenuou a queda do Produto Interno Bruto (PIB) alemão.

A Destatis também revisou para baixo o resultado do primeiro trimestre, de 0,4% para 0,3% de crescimento. No período, o PIB foi impulsionado pela corrida das empresas americanas para importar produtos antes da entrada em vigor das tarifas previstas pelos EUA contra a União Europeia, que poderiam chegar a 30%. Contudo, o efeito de antecipação perdeu força no segundo trimestre.

“Depois de alguns bons números, agora voltamos à decepção para a economia alemã”, disse o analista do banco LBBW, Jens-Oliver Niklasch à agência de notícias AFP.

“A impressão que fica é que a economia alemã está apenas se mantendo. A isso se soma a situação bastante insatisfatória das altas tarifas dos EUA. Vamos precisar fazer esforços para voltar a um caminho de crescimento estável.”

País tenta reverter recessão

A economia alemã recuou em 2023 e 2024 devido a uma queda na indústria manufatureira e à fraca demanda por suas principais exportações.

Em maio de 2025, o conselho econômico do governo rebaixou suas previsões de crescimento para o ano, antes estimadas em 0,4%, para uma estagnação.

O órgão acadêmico destacou os efeitos da política tarifária dos Estados Unidos como sendo a principal causa do enfraquecimento da economia alemã, além de obstáculos internos como “extensas exigências burocráticas”, abandono gradual dos combustíveis fósseis, e o envelhecimento da população.

A expectativa é que o acordo comercial entre União Europeia e EUA, que reduziu a alíquota tarifária sobre a venda de veículos europeus a Washington, gere alívio à indústria automotiva alemã. Ainda assim, segundo cálculos do instituto de pesquisa IfW, as novas tarifas acordadas podem representar uma queda de 0,15% no PIB alemão em um ano.

Em março, o governo federal aprovou um pacote recorde de gastos que inclui um fundo especial de 500 bilhões de euros (R$ 3,2 trilhões) para investimentos em infraestrutura, mas a expectativa é que tais gastos impulsionem a economia do país apenas em 2026.

Também nesta quarta-feira, dados oficiais mostraram que a economia italiana contraiu 0,1% no segundo trimestre, com as exportações puxando para baixo o desempenho geral.

Já a economia francesa acelerou seu crescimento no período de abril a junho, expandindo 0,3%.

gq (AFP, DPA)