A economia brasileira registrou leve crescimento, de 0,1%, no terceiro trimestre do ano em relação aos três meses anteriores, uma desaceleração devido às taxas de juros ainda elevadas e ao recuo do setor agropecuário, informou nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) superou as expectativas do mercado, que projetava uma contração. Em relação ao mesmo período do ano anterior, a economia cresceu 2%.

Apesar da desaceleração do ritmo de expansão trimestral, o desempenho da economia voltou a surpreender, dando uma boa notícia para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Os prognósticos do mercado antecipavam uma contração de -0,2% no terceiro trimestre, segundo uma pesquisa do jornal Valor com mais de 70 consultorias e instituições financeiras.

Mas o PIB somou seu terceiro trimestre consecutivo de expansão.

O resultado foi impulsionado pelos setores de serviços e indústria (ambos 0,6%), e afetado pela atividade agropecuária, que caiu 3,3% no trimestre.

Nos três primeiros três meses do ano, a expansão havia sido de 1,4% em relação ao trimestre anterior, um índice revisado para baixo, de 1,8%. No segundo trimestre, no entanto, foi registrado um crescimento de 1%, revisado para cima, de 0,9%.

O governo espera um PIB maior que 3% para o final de ano, mesmo com a taxa básica de juros em níveis altos (12,25%). A expectativa do mercado é de 2,84%, segundo a pesquisa Focus divulgada na segunda-feira passada pelo Banco Central.

Até o terceiro trimestre, a economia acumula um crescimento de 3,2% ao ano em comparação com o mesmo período de 2022.

– Crescimento com taxas altas –

Desde o início do governo há quase um ano, o presidente Lula tem insistido na necessidade de impulsionar o crescimento econômico e a criação de empregos para aliviar a pobreza.

Lula garantiu que o Brasil vai crescer de forma sólida, confiável e distributiva.

O índice de desemprego oficial ficou em 7,6% no trimestre entre agosto e outubro, o menor nível desde fevereiro de 2015.

Porém, manter a atividade econômica tem representado um desafio diante o alto nível da taxa Selic.

Em março de 2020, o Banco Central do Brasil (BCB) elevou a taxa Selic a 13,75%, nível mantido por um ano para combater a inflação.

Em agosto de 2023, iniciou um ciclo de queda e diminuiu a taxa em três ocasiões, até 12,25%. A redução tem sido cautelosa e progressiva diante de índices mais moderados de inflação.

Lula tem pressionado o BCB com reclamações constantes sobre o nível “absurdo” das taxas, que freiam o crescimento econômico ao encarecer o crédito a empresas e consumidores.

A taxa interanual de preços ao consumidor em outubro foi de 4,82% e a expectativa para o ano é de 4,54%, segundo a pesquisa Focus do BCB, ligeiramente abaixo do teto da meta do BCB, fixada em 4,75%.

Ante a consolidação do “processo de desinflação”, segundo a avaliação do BCB, o mercado espera uma nova queda de 0,5 ponto percentual na Selic, a 11,75%, para a última reunião do ano, em 12 e 13 de dezembro.