PIB do país expandiu 5,2% no segundo trimestre, em comparação com mesmo período do ano anterior. Mas cenário favorecido por impulso a exportações pré-tarifas pode piorar na segunda metade do ano.A economia da China cresceu 5,2% no segundo trimestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo anunciou o Escritório Nacional de Estatísticas chinês nesta terça-feira (15/07).

O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ocorre apesar das tensões comerciais contínuas com os Estados Unidos e segue uma expansão de 5,4% registrada no primeiro trimestre do ano, também em comparação ao mesmo período de 2024. Contudo, analistas avaliam que o cenário pode piorar na segunda metade do ano.

O desempenho do primeiro semestre foi apoiado por estímulos estatais e uma pausa nas escaladas da guerra comercial entre EUA e China. Isso permitiu que exportadores chineses antecipassem embarques antes de possíveis aumentos de tarifas, o que ampliou momentaneamente as exportações.

O resultado mantém a segunda maior economia do mundo em linha com a meta anual do governo, de “cerca de 5%”.

“A China atingiu um crescimento acima da meta oficial de 5% no segundo trimestre, em parte devido ao adiantamento de exportações”, disse Zhiwei Zhang, economista-chefe da Pinpoint Asset Management.

Segundo o instituto de pesquisa econômica e consultoria Prognos Institute, empresas chinesas agora respondem por 16% das exportações globais, o dobro da participação da Alemanha, por exemplo, aumentando a competitividade no cenário comercial internacional.

Crescimento pode não ser sustentável

Apesar de a China se manter estável diante da disputa tarifária com os EUA, analistas avaliam que o ritmo de crescimento pode não ser sustentável.

O país vive uma demanda interna enfraquecida e ainda aguarda o impacto do comércio global, que deve passar por um novo ajuste caso as barreiras impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, entrem em vigor para a maioria dos países, em 1º de agosto.

Exportações a mercados alternativos nos últimos meses e a tentativa de empresas americanas de aumentar o estoque de produtos também ajudaram a mascarar o enfraquecimento da demanda interna, que tem provocado uma queda acelerada nos preços do varejo e no mercado imobiliário.

“A crise do setor imobiliário continua sendo um grande fator de pressão de médio prazo sobre os orçamentos dos governos locais”, disse Dan Wang, economista do Eurasia Group.

Enquanto isso, investidores já se preparam para um segundo semestre mais fraco, mesmo com a expectativa de que novos estímulos sejam anunciados na próxima reunião executiva do governo, em julho.

Guerra comercial entre China e EUA

As tensões entre China e EUA seguem elevadas e podem colocar um freio na alta de exportações chinesas dos últimos meses, que ajudou a alavancar os resultados do primeiro semestre.

No momento, as tarifas americanas para produtos chineses permanecem reduzidas a 30% para viabilizar negociações entre os países, que devem durar até meados de agosto.

Se não houver acordo, os EUA ameaçam impor uma sobretaxa de 145% sobre produtos chineses, conforme anunciado em abril por Trump.

Caso a guerra comercial volte a escalar, a China poderá tentar usar o mercado da União Europeia e da América Latina para absorver o excesso de sua produção.

Por sua vez, os EUA poderiam redefinir produtos fabricados na UE com investimento direto chinês como produtos chineses e exigir tarifas mais altas de empresas europeias.

gq/ra (Reuters, DPA, DW, OTS)