04/11/2020 - 17:05
A economia dos Estados Unidos deu novos sinais de exaustão em meio à incerteza sobre o nome do próximo presidente dos EUA e a perspectiva de um Congresso dividido deixam pouco espaço para o otimismo sobre um novo pacote de recuperação econômica.
A contagem de votos continua nesta quarta-feira (4) em estados-chave em todo o país, em uma disputa particularmente acirrada entre o presidente republicano Donald Trump e o ex-vice-presidente democrata Joe Biden.
Nesse contexto, todos os olhos estão voltados para o Federal Reserve (Fed), que iniciou sua reunião de política monetária nesta quarta-feira, para ver se tomará alguma decisão para impulsionar a economia.
Embora o mercado não aguarde decisões sobre as taxas de juros, em níveis próximos a zero desde que a pandemia do coronavírus começou a estimular o consumo e o investimento, alguns especialistas estimam que o banco central poderia decidir comprar dívida estadual para ajudar estados que perderam parte da arrecadação de impostos.
O país tenta se recuperar da crise causada pelo coronavírus, com milhões de americanos ainda desempregados e milhares de pequenos negócios em dificuldades e alguns setores como companhias aéreas e turismo à beira do colapso.
Na quarta-feira, o setor de serviços, que representa dois terços da economia, confirmou a fragilidade da recuperação.
A atividade neste setor aumentou em outubro pelo quinto mês consecutivo, mas a um ritmo mais lento do que em setembro e abaixo das expectativas, de acordo com o índice ISM publicado nesta quarta-feira.
“Os riscos de uma nova recessão são altos à medida que o vírus se espalha e o apoio fiscal adicional é incerto no curto prazo, principalmente com o resultado eleitoral a ser definido”, resumiram os analistas da Oxford Economics em nota.
– Preocupações –
Outra fonte de preocupação é a geração de empregos no setor privado nos Estados Unidos perdeu fôlego em outubro e ficou abaixo das expectativas do mercado, de acordo com a pesquisa mensal da consultoria ADP divulgada nesta quarta-feira.
As empresas do setor privado criaram 365.000 novos empregos quando os analistas esperavam 600.000 novas contratações em outubro, após 753.000 em setembro.
“O mercado de trabalho continua criando empregos, mas em um ritmo mais lento”, observou Ahu Yildimaz, codiretor da pesquisa mensal da empresa de serviços empresariais.
A geração de empregos “está distribuída por todos os setores e empresas de todos os portes”, explicou.
Os números oficiais do desemprego para outubro serão divulgados na sexta-feira. Os analistas esperam que a taxa de desemprego caia um pouco, para 7,7% contra 7,9% em setembro, com saldo positivo de 600 mil novos empregos no mercado.
O desemprego havia chegado a 14,7% em abril, após o “grande bloqueio” que se seguiu ao surgimento da pandemia nos Estados Unidos.
O crescimento do PIB, de 33,1% na projeção anual no terceiro trimestre, recuperou apenas parcialmente o terreno perdido pelos Estados Unidos com a queda histórica do segundo trimestre.
“O Fed já indicou que está disposto a fazer mais. Pode dar ao público e aos mercados financeiros uma indicação mais precisa” durante a coletiva de imprensa que se seguirá à reunião do Fed na quinta-feira, disse à AFP Economista da Grant Thornton, Diane Swonk.
O Congresso e a Casa Branca adiaram as negociações sobre um novo pacote de ajuda para famílias e empresas até depois das eleições, após três meses de tentativas infrutíferas de chegar a um acordo.
A perspectiva de um Congresso dividido, com os republicanos controlando o Senado e os democratas controlando a Câmara dos Representantes após a eleição, não é um bom presságio para essas negociações.
Enquanto aguarda o resultado das eleições para ver se terá um segundo mandato, Trump pode comemorar a redução do déficit comercial, uma de suas prioridades de governo.
O déficit foi reduzido 4,7% em setembro ante agosto graças ao aumento das exportações, principalmente de alimentos, segundo dados do Departamento de Comércio publicados nesta quarta-feira.
O saldo da balança comercial de bens e serviços situou-se em 63,9 bilhões de dólares. As exportações de soja dispararam, enquanto as importações de telefones celulares caíram.