A décima edição do estudo Future Consumer Index (FCI), produzido pela EY, mostra que as incertezas relacionadas ao mercado de trabalho e a instabilidade macroeconômica tornam mais pessimista o brasileiro para os próximos meses, seja qual for o resultado do segundo turno das eleições.

“O segmento de consumo dominante atualmente é ‘acessibilidade em primeiro lugar’, mas o custo de vida é uma preocupação para todos os consumidores: 79% dizem que suas finanças são uma preocupação; 35% estão preocupados em ter dinheiro suficiente para gastar em outras coisas além das despesas de vida; 66% estão focados na relação custo-benefício”, mostra trecho do estudo.

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O levantamento analisa o comportamento de consumo em diversos países do mundo. No caso do Brasil, o que mais preocupa os entrevistados no curto prazo é a deterioração do ambiente macroeconômico. A inflação em alta, principalmente no preço dos alimentos, deixa 73% deles extremamente preocupados com os custos em geral. Isso faz com que 42% se preocupem com o acesso às necessidades básicas e 91% tenham algum grau de preocupação com suas finanças.

O brasileiro, entretanto, apesar da perspectiva menos otimista no curto prazo, segue com boas expectativas para o futuro: 79% creem que sua vida será melhor daqui a três anos.

As pessoas de 12 a 25 anos, consideradas geração Z, e as de 36 a 41 anos, millenials, foram as únicas que superaram o índice geral: a perspectiva futura positiva abrange 91% da geração Z e 88% dos millenials. Já os mais pessimistas são as de 58 a 74 anos, as baby boomers, e as acima de 75 anos, a geração silenciosa, com índices de 62% e 24%, respectivamente.

Este cenário, para os entrevistados, deve continuar em 2023, com o custo de vida seguindo como a principal preocupação para o próximo ano, com itens como a alta dos combustíveis (75%), energia/água /serviços públicos (72%), das compras básicas (67%) e de saúde (66%) se mostrando muito relevantes para a formação das expectativas.

A inflação em alta fez com que diminuísse o poder de compra de grande parte da população. Também fez com que o preço se tornasse o principal critério de compra desde 2021. Assim, as pessoas têm deixado de lado os produtos supérfluos e aumentado o consumo de produtos de marca própria (private label) e de itens essenciais, em uma tentativa de evitar o corte de produtos considerados importantes em sua cesta de consumo.

Movimento este mais intenso na classe de menor poder aquisitivo, em que 67% estão comprando proporcionalmente mais itens essenciais, contra 40% na classe alta. Também, 58% dos entrevistados acreditam que gastarão menos com produtos não essenciais nos próximos três ou quatro meses e 56% compram apenas produtos essenciais.

A busca por novas marcas para driblar os aumentos é prática entre de 46%. Outros 36% substituem marcas tradicionais pelas próprias (private label), inclusive na cesta básica. Alimentos frescos (58%), cuidados com a casa (56%) e roupas, sapatos e acessórios (40%) são as categorias que mais entram nessa preferência. Dos entrevistados, 83% afirmam que serão mais cuidadosos com os gastos e 78% dizem que serão mais focados no valor do dinheiro.

PANDEMIA

A pandemia mudou hábitos dos brasileiros, já que o estudo revela que 39% dizem que vão ficar mais tempo em casa e 42% pedirão mais produtos online no futuro, ao mesmo tempo em que 35% voltarão a visitar lojas físicas como faziam no passado.

FORMA DE PAGAMENTO

Usar menos dinheiro nas compras nos próximos três anos é preferência para 73% dos respondentes. Outros 20% disseram ter usado moedas digitais nos últimos três meses. Já o Pix ganhou  espaço, ao mesmo tempo em que soluções como carteiras digitais e cashback se tornaram elementos mais importantes na decisão de compra dos consumidores.

LOCAL DE COMPRA

Dos entrevistados, 46% creem que farão compras online com mais frequência no curto prazo, mas consideram que no futuro o principal canal de compras de alimentos serão as lojas físicas. Nos demais segmentos do varejo, o consumidor já se enxerga comprando predominantemente online.