09/03/2020 - 11:04
A epidemia de coronavírus paralisou as regiões mais produtivas da Itália e sua economia corre o risco de cair em recessão após a quarentena no coração do setor industrial e financeiro da península.
As autoridades esperam que as medidas adotadas afetem o mínimo possível sua indústria e exportações, embora em alguns setores seja um verdadeiro ataque cardíaco.
“As medidas restritivas que foram tomadas em relação às áreas de grande importância para a economia italiana terão consequências para as atividades econômicas vinculadas ao transporte, entretenimento e vida social”, alerta o Ministério da Economia italiano nesta segunda-feira.
“As atividades de produção e administração pública continuarão funcionando normalmente”, afirmou o ministério em comunicado.
As três regiões mais ricas e industrializadas da Itália são as mais afetadas pela epidemia de COVID-19: Lombardia, Veneto e Emilia-Romaña.
Segundo dados de 2017 do Instituto Nacional de Estatística (Istat), essas três regiões, das vinte da Itália, geraram 40,1% do Produto Interno Bruto (PIB) e concentraram 31,5% da população.
As medidas drásticas tomadas no domingo para interromper a epidemia do coronavírus, que já infectou mais de 7.300 pessoas e causou 366 mortes, ameaçam causar danos em vários setores além do turismo.
As entradas e saídas de uma vasta área do norte, que vai de Milão, capital econômica, a Veneza, a meca do turismo mundial, foram limitadas.
Na região da Lombardia e outras quatorze províncias, todos os eventos culturais, esportivos e religiosos foram proibidos. Boates, pubs, escolas de dança e outros locais semelhantes também devem fechar até 3 de abril.
– Risco de recessão –
“O setor manufatureiro não pode arcar com o chamado ‘teletrabalho’ e setores principais, como o alimentício e farmacêutico, sofreram consequências dramáticas, um infarto econômico segundo um banqueiro”, escreve o jornal “II Corriere della Sera”.
Para evitar a catástrofe, o governo está preparando indenizações para trabalhadores e empresas em todo o território nacional e, em particular, nos setores e territórios mais afetados.
“As medidas estão na fase de definição, serão vigorosas, mas proporcionais e limitadas no tempo”, explicou o Ministério da Economia.
“Ninguém tem uma ideia precisa das consequências econômicas do coronavírus. Dependerá muito de sua duração e da capacidade do sistema econômico de se recuperar após a crise”, afirma II Sole-24 Ore, o principal jornal econômico do país.
Para o economista-chefe da OCDE, Laurence Boone, o melhor cenário possível para a Itália é alcançar um crescimento nulo em 2020, com um primeiro trimestre negativo, seguido por uma lenta recuperação.
Em 2019, a Itália registrou um crescimento de 0,3%, o pior número desde 2014, quando o aumento do PIB foi nulo.
A terceira economia da zona do euro, baseada em exportações, já estava enfraquecida pela desaceleração europeia, especialmente da Alemanha, e pelas tensões comerciais globais e incerteza política interna.
Como sinal do momento grave, a Bolsa de Milão entrou em colapso nesta segunda-feira com uma queda de 8,82% devido ao efeito em grande parte da disseminação do coronavírus.