08/09/2025 - 10:57
O Brasil vive uma revolução silenciosa nos meios de pagamento. Só em 2024 o Pix movimentou mais de US$ 5,3 trilhões em 63,5 bilhões de transações, um salto de 52% em relação ao ano anterior, o que mudou a forma como pessoas e empresas lidam com o dinheiro. O avanço do Open Finance, com milhões de consentimentos ativos, abre espaço para ofertas de crédito e serviços sob medida. E, com expectativa de início parcial em 2026, o Drex deve ampliar essa infraestrutura, levando a digitalização a um novo patamar.
Esse conjunto de mudanças vai além da tecnologia. Ele redefine a lógica do setor financeiro e cria um terreno fértil para o que especialistas chamam de ecossistemas inteligentes: redes em que pagamentos, dados e serviços financeiros se conectam de forma integrada, simples e acessível.
O que isso significa para empresas
Para os consumidores, o impacto já é visível. Transferências instantâneas, carteiras digitais e pagamentos por aproximação viraram rotina. Para as empresas, o desafio é maior. Em um cenário de juros altos e margens apertadas, depender apenas da taxa cobrada na maquininha deixou de ser suficiente.
Adquirentes e subadquirentes, por exemplo, precisam transformar o ponto de venda em plataforma de valor. Isso significa oferecer, além da captura de pagamentos, soluções como adiantamento de recebíveis, gestão financeira, split de vendas, link de pagamento e até serviços embarcados, como recargas e pagamento de contas. O que antes era custo passa a ser oportunidade de receita.
O papel do Brasil nessa corrida
O país ocupa hoje uma posição privilegiada. Enquanto Estados Unidos e Europa ainda buscam ampliar o uso dos pagamentos instantâneos, o Brasil já consolidou a adesão em massa. Essa vantagem competitiva abre caminho para exportar modelos de negócio e servir de referência em inclusão financeira.
Não é coincidência que o Banco Central seja citado internacionalmente como exemplo de como a regulação pode acelerar inovação sem comprometer segurança. A experiência brasileira mostra que, quando infraestrutura pública, regulação e mercado caminham juntos, o resultado é escala e eficiência.
A visão de quem está na linha de frente
Empresas que oferecem infraestrutura de pagamentos, como a Entrepay, têm papel central nessa conjuntura. Credenciada pelo Banco Central, a companhia se consolidou como parceira de fintechs, bancos digitais e grandes corporações que buscam integrar serviços financeiros sem precisar construir tudo do zero.
Segundo Anderson Santana, CCO da Entrepay, “não é mais uma questão de aderir ou não. É como e quando as empresas vão se adaptar a essa nova lógica”. Para ele, os ecossistemas inteligentes representam a possibilidade de transformar qualquer canal em plataforma de receita, ampliando competitividade em um mercado cada vez mais exigente.
O ideal para o setor é construir um ambiente baseado em soluções financeiras integradas, no qual pagamentos, crédito, contas digitais e serviços de gestão convivam de forma fluida. Esse modelo exige verticalização, para garantir escala e governança, e ao mesmo tempo precisa ser aberto, permitindo integração com parceiros e diferentes camadas do mercado. A lógica daqui em diante é clara: ecossistemas fechados tendem a quebrar, enquanto os abertos se tornam sustentáveis, adaptáveis e preparados para enfrentar ciclos econômicos cada vez mais voláteis.
O próximo capítulo
O futuro dos meios de pagamento no Brasil vai ser definido pela capacidade de integrar tecnologia, dados e serviços de forma invisível ao consumidor, mas estratégica para as empresas. Quem compreender esse movimento poderá reduzir custos, ampliar inclusão e conquistar novas fontes de crescimento.
O cenário está posto: o país tem infraestrutura, regulação e consumidores preparados. A disputa, daqui em diante, será pela velocidade de adaptação.