21/11/2018 - 14:39
O economista Edmar Bacha, integrante da equipe que implantou o Plano Real, defendeu nesta quarta-feira, 21, a abertura comercial da economia brasileira, a “mãe de todas as reformas”. Segundo Bacha, como os ganhos econômicos da abertura vêm das importações, e não das exportações, a abertura deve ser feita de forma gradual e previamente avisada, de forma a permitir que as atividades econômicas afetadas se preparem.
“Do ponto de vista econômico, os ganhos da abertura decorrem da importação e não da exportação. É da importação acrescida que provêm os ganhos de produtividade e bem-estar. Exportação adicional não é benefício. É um custo que a sociedade paga para ter os benefícios da importação”, afirmou Bacha, em palestra evento promovido pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), no Rio.
O economista, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), classificou a visão de que a exportação é positiva para o desenvolvimento econômico, e de que a importação é negativa, como uma “falácia mercantilista”.
Apesar da constatação de que os ganhos da abertura estão na importação, Bacha destacou que, para não haver desequilíbrios na economia, é importante que a exportação cresça de forma equivalente às compras no exterior. “Por isso, a abertura unilateral, autônoma e soberana deve ser gradual e previamente avisada”, afirmou o economista. Nesse quadro, acordos comerciais são importantes apenas se ampliarem as oportunidades de comércio internacional.
Ao fazer seus comentários no evento, Bacha ironizou o futuro ministro das Relações Exteriores no governo de Jair Bolsonaro, o embaixador Ernesto Fraga Araújo. Bacha fez referência a um artigo publicado por Araújo, sob o título de “Trump e o Ocidente”. “Confesso que fiquei um pouco preocupado. Achava que esse (futuro) governo ia fazer a abertura e esse artigo do embaixador me deixou meio preocupado”, disse Bacha.