O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicou nesta terça-feira, 4, um texto endereçado à deputada estadual catarinense Ana Campagnolo (PL) em que afirma que ela se insurge contra a liderança política que a projetou de forma “inaceitável”. A deputada disse na semana passada que a vaga da deputada federal Caroline de Toni (PL-SC) na disputa ao Senado foi “dada” a Carlos Bolsonaro (PL-RJ).

O PL enfrenta em Santa Catarina uma crise após divergências quanto à formação da chapa ao Senado. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quer lançar Carlos, atualmente vereador no Rio de Janeiro, o que encontra resistência entre lideranças locais. Já o governador Jorginho Mello (PL) tentará a reeleição e quer o senador Esperidião Amin (PP-SC) em sua chapa.

O impasse levou Caroline de Toni a articular uma possível mudança de partido. Como mostrou a Coluna do Estadão, ela relatou ter recebido convites do Novo e de outros partidos, como União Brasil, Republicanos, MDB e a legenda do MBL, Missão.

Na última sexta-feira, 31, Ana Campagnolo respondeu a comentário de um seguidor no Instagram sobre a formação da chapa. “São duas vagas que o partido dividiu entre PL e PP. O PP vai manter a candidatura do Amin como sempre foi. A vaga do nosso PL era da deputada Carol, agora será dada ao Carlos”, escreveu.

Carlos Bolsonaro reagiu desmentindo a deputada estadual. “Não sejam mentirosos! Absolutamente nada do que essa menina está falando é verdade. Quanta baixaria! Lamentável!”, comentou. Em seu perfil no X, antigo Twitter, repetiu na segunda-feira, 3, que “os pré-candidatos de Jair Bolsonaro ao Senado Federal são Carol e Carlos Bolsonaro”. Ele já havia feito postagem semelhante.

Ana Campagnolo voltou a falar sobre o assunto em uma postagem do Instagram desta terça-feira, 4. “Fui acusada de mentirosa pelo meu colega Carlos por anunciar que a chegada dele tiraria a Carol do partido. Carlos publicou afirmando que Carol De Toni continua sendo candidata bolsonarista mesmo fora do PL. A realidade bate à porta: a deputada Carol já está conversando e recebendo convites de outros partidos”, afirmou. Segundo ela, a estratégia “bagunça” o movimento do partido em SC.

“Dito isso, finco meu pé no partido do Bolsonaro, sou leal ao projeto, já dei mil provas da minha competência e da minha dedicação. Espero que Carlos Bolsonaro reveja a forma que está me tratando, porque eu não pretendo abandonar a minha missão e o motivo que me trouxe para perto de Jair Bolsonaro em 2014 quando nos conhecemos em Brasília”, disse, acrescentando que “esse não era o cartão de visitas que a maioria dos catarinenses esperava de alguém que vem de fora almejando nos representar”.

O deputado Eduardo Bolsonaro saiu então em defesa do irmão, em postagem que fixou em seu perfil do X. Segundo ele, a “insurgência” de Ana Campagnolo “nada tem a ver com valores morais, mas apenas com conveniência e tática política”, e suas críticas são inaceitáveis na forma e no conteúdo.

“Na forma, por terem sido feitas em público. No conteúdo, por se insurgirem contra a liderança política que a projetou e, pior, por representarem uma tremenda injustiça, já que ela usa uma régua contra meu irmão que jamais aplicou a si mesma”, escreveu.

Eduardo defendeu a candidatura do irmão e afirmou que “a ideia de que uma deputada estadual, cuja carreira política foi viabilizada pela liderança nacional, tenha o direito de se insurgir publicamente contra essa mesma liderança é absurda”. “Essa turbulência passou dos limites e não agrega a ninguém”.