A história da inovação mostra que uma tecnologia revolucionária gera efeitos inimagináveis até mesmo para seus inventores. Isso aconteceu, por exemplo, com a criação da prensa, por Gutenberg. Ao viabilizar a impressão de livros relativamente baratos e portáteis – estimulando assim a alfabetização -, ele expôs a falha na vista de grande parte da população. Assim, praticamente criou um mercado, o de fabricação em larga escala de óculos, como nos conta Steven Johnson em “Como chegamos até aqui (Zahar), seu livro mais recente.   

“Passados cem anos da invenção de Gutenberg, milhares de fabricantes de lentes em toda a Europa prosperavam, e os óculos tornaram-se a primeira peça de tecnologia avançada – desde a invenção da vestimenta, no Neolítico – que pessoas comuns usaram de modo regular no seu corpo”, escreve Johnson, um dos principais estudiosos da tecnologia e da inovação.  

Hoje ocorre algo semelhante com a educação. Vivemos uma revolução silenciosa na área educacional, o que exige uma reflexão sobre o modo como ela modifica as nossas vidas e, claro, abre diversas oportunidades de negócios para startups e investidores. 

Novos conceitos

Antes de analisarmos melhor que revolução é essa mudança, vamos observar quem está no centro da transformação. Como sabemos muito bem, as novas gerações respiram internet desde que nasceram. Possuem uma desenvoltura espetacular com smartphones, games e tablets. Agora, pense: toda essa exposição contínua à tecnologia, desde cedo, não mudará a forma como pensam e aprendem?   

Aqui entra em cena o que pesquisadores de diferentes partes do mundo chamam de Educação 3.0, conceito que tem como um de seus formuladores Jim Lengel, professor da Universidade de Nova York. Essa nova escola pode ser entendida como uma instituição na qual alunos e professores produzem em conjunto, empregam ferramentas apropriadas para a tarefa e aprendem a ser curiosos e criativos. 

Essa visão deve substituir o velho modelo, ainda predominante no sistema educacional, em que um único detentor do conhecimento (professor) transmite um conteúdo a estudantes reunidos numa mesma sala, fazendo as mesmas atividades simultaneamente. Na era a Educação 2.0, todos usavam as mesmas ferramentas – lápis, papel e giz. Na Educação 3.0, os instrumentos são todo e qualquer aparelho tecnológico disponível, como smartphones, tablets, games, YouTube, Facebook e aplicativos. 

No primeiro caso, a aula tinha local fixo e horário para começar e terminar. No segundo, com educação a distância e ferramentas de aprendizado online, a sala de aula tradicional perde sentido. Pode-se aprender em rede, de forma colaborativa, quando e onde quiser – inclusive na própria escola, com o professor usando a internet para estimular os alunos a pesquisar, produzir conhecimento ou se conectar com estudantes de outras partes do país ou do mundo.   

Visto por outro ângulo, é a transição de uma educação da Revolução Industrial para uma em sintonia com a Sociedade Conectada. 

Escola.com

Essas questões motivaram Luciana Allan, doutora em educação pela USP, a escrever o livro “Escola.com: Como as novas tecnologias estão transformando a educação na Prática” (Editora Novo Século). Recém-lançada, a obra apresenta conceitos inovadores de tecnologia aplicada à educação e casos práticos.

Entre as ideias debatidas no livro estão o autoaprendizado, o professor como mediador do processo de ensino, colaboração em rede, escola na nuvem, ‘bring your own device’, gamification e o ensino híbrido (integração de atividades presenciais, olho no olho, com atividades online, que podem ser realizadas dentro ou fora da escola). 

Oportunidades de negócios

O desenvolvimento de metodologias que incorporam o uso da tecnologia na educação, como nos mostra Luciana Allan, tem desdobramentos no mundo dos negócios. As oportunidades para startups e investidores se espalham por áreas como: 
•    Educação a distância 
•    Material didático interativo 
•    Aplicativos educacionais para dispositivos móveis 
•    Softwares de gestão 
•    Gamification
•    Plataformas que estimulam o aprendizado em rede
•    Ferramentas 3D

Em outros posts, vamos discutir com mais detalhes diferentes cases de negócios inovadores em educação. Até mais e bom 2016.