Entre todas as maldades que este projeto fracassado de Nação produz, o dinheiro destinado à educação é a mais indecente de todas. Não pelo dinheiro em sim, mas pela gestão (ou má-gestão) dele. Lula III, o Errante, bateu o pé para que os gastos nesse campo ficassem, de certa forma, fora do Arcabouço Fiscal. Podem crescer longe de amarras. Lula não é um técnico. E se orgulha disso. Ele é um político. Na concepção raiz do termo: um político de partido. Um ser que engole União Brasil, e que igualmente não cospe os ultrainimigos alagoanos Arthur Lira & Renan Calheiros. Mas não suporta Luiza Erundina… Por que será, né?

Voltando ao tema educação, o Brasil destina coisa de 6% de seu PIB à área. Daqui a pouco eu comparo com outros países. Antes vale dizer o que essa dinheirama produz. Em novembro do ano passado foram divulgados pelo Inep os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2021. Os resultados foram um desastre – por mais que especialistas comemorem que a queda não foi a catástrofe prevista, já que houve o tenso período de atravessar dois anos de pandemia entre o Saeb 2021 e o anterior, o Saeb 2019. O foco principal, dizem, foi manter vínculos entre estudantes-famílias e instituições. Ou seja. Que a evasão escolar não explodisse.

+Haddad diz que é preciso “cobrar de quem não paga” para atingir metas fiscais

De toda forma, há um efeito prático. E o resumo dele é: emburrecemos. O exame envolveu 5,3 milhões de alunos de 72 mil escolas públicas e privadas. Só houve queda. A aprendizagem de Língua Portuguesa de alunos do 5º ano caiu de 215 pontos (2019) para 208 (2020), regredindo ao mesmo patamar de 2015. Segundo o site Futura, da Fundação Roberto Marinho, “isso significa que os alunos do 5º ano ainda não seriam capazes de reconhecer assunto e opinião em reportagens e contos”. Em Matemática, a queda foi maior. De 228 (2019) para 217 (2021). Ainda de acordo com o Futura, “esses estudantes não seriam capazes de converter mais de uma hora inteira em minutos ou resolver problemas como adição e subtração de cédulas e moedas”.

Da mesma maneira que ocorre com gente do 5º ano, aconteceu com pessoal que deixa o fundamental (9º ano). Em Língua Portuguesa, a proficiência caiu de 260 (2019) para 258 (2021) e em Matemática a queda foi de 263 (2019) para 256 (2021). Já entre estudantes do 3º ano do Ensino Médio, aqueles que estão a um pé da universidade (os que podem ou conseguem, claro), a redução de performance na Língua foi de 278 (2019) para 275 (2021) e em Matemática de 277 para 270.

O cenário se torna aterrorizante ao analisarmos o desempenho das crianças em processo de alfabetização. São os anos iniciais (do 1º ao 5º). De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), todos deverão estar alfabetizados até o fim do 2° ano. Mas… entre 2019 e 2021 houve alta de 66% no número de crianças entre 6 e 7 anos que não sabem ler e escrever. No 2º ano do Ensino Fundamental, em Língua Portuguesa a avaliação média nacional caiu de 750 pontos (2019) para 725 (2021).

O efeito disso aparece na produtividade. Nos rankings globais – a maioria faz a conta pelo PIB per capita por horas trabalhadas –, mesmo o País tendo a sexta maior população do planeta e figurando entre as 15 maiores economias do mundo, não aparecemos em nenhuma lista antes da posição 50. Por aqui, gastamos acima de 6% do PIB com educação. A média global é de 4,3%. Vencemos até a média da OCDE (5,6%). Pelo índice Pisa, programa internacional de avaliação de estudantes e principal indicador global, ficamos na posição 58º entre 64 países. Numa prova inequívoca de que aqui o problema não é a quantidade da grana. É o que se faz com ela.

Nem vou entrar na indecência de transferir renda via ensino superior gratuito, com vagas proporcionalmente mais ocupadas por oriundos de escolas privadas. E mesmo instituições de ensino superior com agressivas e bem-vindas políticas assertivas de inclusão de estudantes oriundos do ensino público poucas chegam a índices que pouco passam de 50% dos ingressantes, quando quase nove em cada dez brasileiros cursou o Ensino Médio numa instituição governamental. Assim como nem vou entrar profundamente no campo de perguntar quais cursos são ocupados por essas pessoas saídas da escola pública. Na universidade elas vão para carreiras Stem (Ciências, Engenharia, área Médica e Tecnologia) ou cursos que levam a profissões de remuneração baixa?

Jogar dinheiro na educação sem sistemas de controle eficientes e forte modelo de gestão é pedir para alimentar falcatruas. Dê um Google em Fundeb, FNDE, kit robótica, compra de laptops e você vai entender do que estou falando. Nesta indecência de Nação, educação só terá saída com o trinômio boa docência+muita decência. Ah, e blockchain. Para registrar as patinhas que amam pegar dinheiro público para bolsos privados. Por aqui, eu desconfiaria de político que pede dinheiro para educação. Eles costumam ser ou desinformados ou agem de má-fé.