Essa é uma constatação economicamente incompatível com o país que almeja o desenvolvimento. O de um detento do sistema prisional sai por volta de R$ 2 mil a R$ 2,2 mil ao mês, em média. O País inverteu lamentavelmente a mão dos investimentos, de tal maneira que o estudante segue penalizado pela baixa qualidade de ensino ou fica completamente à margem do processo de aprendizado. Os números servem para mostrar como um mero ajuste nessas proporções orçamentárias poderia funcionar como alavanca para uma reviravolta extraordinária. 

 

52.jpg

 

O Brasil ainda conta com inacreditáveis 10% da população na condição de analfabetos. Em termos comparativos, o índice de repetência nas escolas do miserável Haiti gira em torno de 16%, enquanto por aqui está na faixa de 21%. 

 

Experiências inovadoras e louváveis como a do Instituto Ayrton Senna buscam aos poucos mudar essa triste realidade. E demonstram, de maneira inequívoca, que o investimento na educação é o de maior retorno – para a sociedade como um  todo e para o setor produtivo em particular, que padece cada dia mais com a falta de mão de obra qualificada. 

 

“A educação não pode continuar na categoria de eventos pitorescos brasileiros”, diz Viviane Senna, presidente do instituto que leva o nome de seu irmão. 

 

Nesse quadro de aparente descaso com o assunto, é um alívio ouvir a mensagem transformadora de Viviane. Ela vem empreendendo uma revolução silenciosa, com poucos recursos e muita determinação, cujos resultados concretos não param de aparecer.

 

Recentemente, o instituto realizou uma pesquisa em mil municípios brasileiros sobre o impacto de programas de gestão no desempenho escolar e trouxe conclusões inspiradoras. Tome-se o caso da localidade de Boca do Acre, no Amazonas. 

 

Lá, apenas um ano após a adoção do programa “Acelera”, a cidade, que não tinha nem banca de jornal e contava com escolas precárias e nenhuma assistência, pulou para o primeiro lugar no Ideb do Estado do Amazonas. 

 

Em termos de aprovação, hoje 87% das crianças de Boca do Acre aprendem e passam de ano. Antes, apenas 30% delas eram alfabetizadas. 

 

O programa do instituto atualmente é usado em 1.372 municípios, com mais de dois milhões de crianças atendidas ao ano e 65 mil professores envolvidos em 25 Estados. Imagine o que será possível fazer com a força da iniciativa privada, que tem papel fundamental no auxílio a esse trabalho!