23/04/2003 - 7:00
O consórcio Embraer-Dassault-Thales-Snecma apresenta esta semana, durante a Feira Latino-Americana de Defesa (LAD), no Rio, a última versão do caça pré-classificado na primeira etapa do Projeto FX. Trata-se do Mirage 2000-5 MkII, capaz de voar com 17 toneladas e meia de equipamentos de novíssima geração. É, definitivamente, um avião em tudo diferente dos Mirage 3 atualmente em poder da Força Aérea Brasileira. Dos computadores de bordo aos mísseis, passando pela capacidade de interferência nos sistemas de comunicação adversários, o novo avião possui diferenciais sobre os concorrentes F-16, Sukói e Grippen. ?Em exercícios de simulações de guerra na Europa, o Mirage participou de 40 ?batalhas? contra aviões de outras marcas e ganhou todas?, lembra François Delamare, diretor da Dassault no Brasil. ?Além disso, ao contrário dos outros, garantimos total transferência de tecnologia no caso de vencermos a disputa.? Por decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o desfecho do Projeto FX, a concorrência internacional de US$ 700 milhões para a renovação da frota de caças, foi adiado para o próximo ano, mas as autoridades se mantêm atualizadas sobre os movimentos da indústria internacional. O ministro da Defesa, José Viegas, confirmou presença nos três dias de duração da LAD.
No cockpit do Mirage 2000-5 MkII há cinco telas de radares, capazes de identificar simultaneamente 28 objetivos adversários, escalar 8 alvos prioritários e projetar o ataque imediato a quatro. O mapeamento do horizonte alcança uma distância de 80 milhas. Nada menos que dez vezes mais longe do que podem fazer os Mirage 3. Fabricados pela Thales, os sistemas de computadores e comunicações de bordo praticam a chamada guerra eletrônica. Eles possibilitam o envio de bombardeios de radiações eletromagnéticas que saturam as emissões de ondas de rádio do adversário. Toda essa aviônica embarcada faz do novo Mirage um dos aviões de defesa mais requisitados do planeta. A França tem 40, Taiwan, 60, os Emirados Árabes Unidos compraram 66, enquanto a Grécia termina de receber este ano uma encomenda de 25 caças.
O novo Mirage carrega uma das mais poderosas armas de
ataque do mundo. É o Mika II ? míssil de interceptação de longo alcance. Equipado com sensores infravermelhos e guias com raios laser, ele detona seus explosivos frações de segundo antes de impactar o alvo. Por isso, é considerado uma arma ar-ar do tipo ideal, uma vez que persegue o avião atacado, acompanha suas manobras e pode explodir em posição paralela ao objetivo. Sua importância estratégica é de tal ordem que o Mika II acabou tendo sua sigla incorporada ao nome oficial do novo Mirage. Para completar o pacote, o caça supersônico possui mísseis ar-terra e equipamentos que permitem abastecimento e manutenção em pleno vôo. ?Desenvolvemos este aparelho em atenção aos novos tempos, nos quais as forças aéreas tiveram seus orçamentos reduzidos e passaram a ter a necessidade de equipamentos com mais poder qualitativo?, assinala o diretor Delamare.