09/07/2008 - 7:00
TRADIÇÃO: Maria Rita (à dir.) é a responsável pela operação do restaurante no País. Ele terá o mesmo perfil das unidades (acima) de Manhattan
NO FINAL DO ANO PASSADO, A brasileira Maria Rita Pikielny, 38 anos, passou por uma experiência típica de uma jovem que vai tentar a vida no Exterior. Ela vestiu a camisa e o avental do restaurante P.J. Clarke?s, localizado na esquina da 3ª Avenida com a 55, em Nova York, e foi à luta. Maria Rita passou 30 dias, das 10 horas da manhã à meia-noite, atendendo mesas, pilotando o fogão, passando os pedidos no balcão, preparando drinques, fechando o caixa e estudando a contabilidade. Mas, ao contrário do que parece, ela não embarcou nessa aventura em busca de boas gorjetas. ?Fiz isso para entender de perto o funcionamento da rede P.J. Clarke?s?, conta. Maria Rita vai inaugurar uma filial da rede americana, na cidade de São Paulo, no início de agosto. É a primeira vez que a P.J. Clarke?s, rede com três unidades em Manhattan e faturamento anual estimado em US$ 40,5 milhões, abre um restaurante fora da Big Apple. ?Até 2010 serão inauguradas outras filiais em São Paulo, Rio de Janeiro, Argentina, Chile e Peru?, adianta Maria Rita. Tudo sob seu comando.
A empresária quer replicar em São Paulo o mesmo modelo de negócios que tornou o P.J. Clarke?s um dos mais tradicionais de Nova York. A decoração, por exemplo, será igual à do restaurante americano ? a mesma desde 1884. Toalhas quadriculadas, garçons uniformizados, lustres antigos e balcões de madeira. A comida é variada, vai desde o hambúrguer americano até um coquetel de camarão. ?Alguns pratos terão os seus temperos e estilos adaptados à cultura brasileira?, explica Maria Rita. ?Vamos disputar mercado com o Le Vin, o Ritz e o Forneria San Paolo.? O restaurante de dois andares, localizado na rua Mário Ferraz, no bairro do Itaim, terá 640 metros quadrados e capacidade para 175 pessoas. Estima- se que o investimento com as obras gire em torno de R$ 2 milhões. A julgar pela sua experiência e conhecimento do mercado brasileiro, foi um passo bem estudado.
Durante 2006 e 2007, Maria Rita foi diretora superintendente do Café Havanna, tradicional rede argentina de cafeterias, e responsável por implantar toda a estrutura de 17 pontos-devenda da empresa em São Paulo. Antes disso, aos 16 anos de idade, foi dona de um outro restaurante na capital paulista, o Charm, que servia almoço executivo e funcionava na rua Clodomiro Amazonas, no bairro do Itaim. Agora, seu novo desafio é fazer o P.J. Clarke?s se destacar em um mercado que, de acordo com um estudo da consultoria ECD, especializada no setor de Food Service, movimenta R$ 40,6 bilhões por ano só em São Paulo. ?A cultura do hambúrguer americano está saturada?, alerta Enzo Donna, diretor da ECD. ?O cardápio variado pode ser o diferencial desse projeto?, completa. Pelo menos em Nova York esse mesmo cardápio transformou o P.J. Clarke?s em um dos pontos de encontro preferidos de personalidades como a atriz Brooke Shields e o saudoso cantor Frank Sinatra (1915-1998).