30/04/2008 - 7:00
QUANDO FEZ CONCURSO para auditor fiscal, em 1995, o engenheiro Pedro Delarue Filho, 49 anos, buscava estabilidade. Já tinha trabalhado em mineração e sido microempresário. Deixou tudo e, durante cinco meses, estudou para uma seleção que tinha 150 mil candidatos para 800 vagas. Na época, auditores eram a nata do funcionalismo, junto com delegados da Polícia Federal e procuradores da Fazenda. ?Fui atraído não pelo salário, mas pela estabilidade?, disse à DINHEIRO. Hoje, Delarue comanda o Unafisco, o sindicato que reúne 12,5 mil fiscais da Receita Federal e lidera uma greve que já dura mais de um mês, tendo causado prejuízos bilionários a empresas que importam e exportam. A reivindicação é pela equiparação com as outras duas categorias e por um novo plano de carreira. Mas eles não ganham mal. O salário dos fiscais vai de R$ 10,1 mil a R$ 13,4 mil. Eles são responsáveis pela fiscalização tributária das empresas e pelo controle aduaneiro. Embora a primeira função engorde os cofres públicos, é a segunda que aparece quando cruzam os braços. Delarue sabe que o salário é alto para os padrões brasileiros, mas alega que a responsabilidade justifica o valor. Diz ainda que a atuação deles no combate à sonegação trouxe R$ 13 bilhões ao Tesouro no ano passado. ?Se um fiscal entrar num banco para aplicar uma multa de R$ 1 bilhão, ele vai encontrar uma banca de advogados e vai ter que ser melhor do que eles?, diz.
O outro lado da história são os prejuízos. Em Manaus, o pólo industrial parou e as perdas somam R$ 1 bilhão. Em Santos, há uma operação-padrão. Mas, na noite da quinta-feira 24, o Ministério do Planejamento sinalizou que a greve estaria perto do fim. Delarue, no entanto, não confirmava. ?Só depois de uma assembléia?, dizia.