03/02/2010 - 1:42
?Detroit não é mais o centro do mundo?
Na semana passada, Ed Whitacre Jr., novo CEO da General Motors, anunciou que a companhia vai pagar toda a sua dívida junto aos governos dos Estados Unidos e Canadá até junho de 2010. A meta é ousada: os débitos somam US$ 8,1 bilhões, dinheiro suficiente para construir pelo menos quatro plantas de tamanho médio. Para tornar o desafio ainda maior, as vendas na América do Norte seguem estáveis e em níveis bem abaixo do projetado. Mas há uma esperança para a GM e ela está nas mãos de um executivo tímido, de fala mansa e gestos discretos: o americano Tim Lee, que recebeu a incumbência de comandar todas as operações da GM no mundo ? exceto América do Norte e Europa. Enquanto em seu próprio país a performance da montadora é decepcionante há pelo menos uma década, em nações como Brasil e China a GM ganha dinheiro como nunca. É exatamente nesses mercados que Lee concentra seus esforços. ?Nosso sucesso dependerá do bom desempenho dos países emergentes?, disse Lee em entrevista exclusiva à DINHEIRO.
Há pouco mais de um mês na presidência da General Motors International Operations, Lee terá como principal desafio fazer com que a empresa cresça em mercados emergentes como China e Brasil, ganhe fôlego e ajude a matriz a saldar suas dívidas bilionárias. Nascido em Ohio, ele ingressou na montadora como estagiário, em 1969, e trilhou uma carreira de sucesso. Depois de passar por quase todas as áreas ligadas à produção, chegou à vice-presidência industrial da GM na Europa e em seguida assumiu o cargo de vice-presidente de planejamento de produtos no Japão. Agora, é o principal responsável pelas operações da montadora na América Latina, Ásia-Pacífico, África e Oriente Médio.
Lee tem uma estratégia desenhada para tornar a empresa lucrativa novamente. ?A tendência é termos cada vez mais produtos regionalizados”, diz. ?Um bom exemplo disso é o Agile, um produto desenvolvido no Brasil e voltado essencialmente para o mercado brasileiro.? Esse modelo contraria o que a empresa fez nos últimos anos, com carros concebidos apenas em Detroit e depois exportados para outros mercados. A descentralização também já chegou à China, onde foi lançado recentemente o Spark, que só será vendido no mercado asiático. A promoção de Lee deve ser benéfica para a operação brasileira. Segundo o colombiano Jaime Ardila, presidente da GM no Brasil, a tendência a partir de agora é que países como Brasil e China passem a receber mais investimentos da matriz. ?A GM está ficando mais internacional?, diz Ardila. ?Vamos lançar um produto novo por trimestre em 2010 e até 2012 teremos toda a nossa linha renovada.? O ano de 2009 foi o melhor da história da GM no Brasil. A montadora vendeu 595,5 mil carros, um volume recorde e 8,5% maior do que o de 2008. Na China, os resultados têm sido ainda melhores. A companhia aumentou suas vendas em 67% no ano passado, marca que Lee espera dobrar em 2010. Será mesmo uma dura missão.
Produtos regionais:Lee vai investir em carros para mercados específicos, como o Agile no Brasil
Com mais de 40 anos de General Motors, Tim Lee acaba de assumir a presidência da General Motors International Operations. À frente dessa divisão, terá o desafio de comandar a reação da companhia e ajudar a matriz a pagar uma dívida de mais de US$ 8 bilhões. Em entrevista exclusiva à DINHEIRO, ele conta qual será a sua estratégia.
Qual a importância da divisão que o sr. comanda dentro do plano de reestruturação da General Motors?
Detroit não é mais o centro do mundo para a GM. Os Estados Unidos já foram um mercado de 17 milhões de carros por ano, mas fechamos 2009 com 9,5 milhões de unidades vendidas. Ou seja, é óbvio que precisamos crescer em outros mercados. Hoje, os olhos da companhia estão voltados para os emergentes, como Brasil e China, que têm um potencial gigantesco de crescimento.
Qual é a estratégia para crescer nestes mercados?
A tendência é termos cada vez mais produtos regionalizados, como no caso do Agile, um produto totalmente desenvolvido no Brasil e voltado para o mercado brasileiro. Assim como ele, teremos outros produtos regionais. Carros elétricos, como o Volt, seguem como uma tendência, mas a realidade ainda são os carros mais compactos e econômicos, mesmo nos Estados Unidos.
Qual será o maior desafio na nova empreitada?
Meu grande desafio à frente da nova divisão será fortalecer a GM e suas subsi-diárias nos países emergentes e reestruturar a empresa em mercados já maduros. Nosso sucesso dependerá do sucesso dos países emergentes