RESUMO

• América Latina representa hoje 21% — ou US$ 2,73 bilhões — dos negócios da companhia
• Brasil responde por 60% desse montante
• Marca lidera os segmentos de lavadoras, aspiradores, fornos, micro-ondas, purificadores de água e refrigeradores multidoor

• Aqui, 67% dos lares têm um produto da Electrolux, garante CEO Latam
• País tem 7 mil colaboradores, em quatro fábricas nas regiões Sul, Sudeste e Norte
• Fábrica de São Carlos, no interior paulista, é considerada a mais moderna da Electrolux no mundo

Transformar a vida para melhor. Propósito que move diariamente a Electrolux no Brasil e no mundo. E que tem surtido resultado. Ao menos na América Latina. Fundada em 1919, na Suécia, a fabricante de eletrodomésticos vai completar 100 anos de atuação no País em 2026 com importantes marcas a celebrar: liderança de mercado em diversas categorias, ciclo de investimentos em realização e operação da planta mais moderna da bandeira no planeta. Um trabalho capitaneado por Leandro Jasiocha, CEO da Electrolux para a América Latina, e que tem gerado importantes resultados à gigante europeia, dona de um faturamento global de US$ 13 bilhões em 2023, similar ao do ano anterior.

A região representa hoje 21% — ou US$ 2,73 bilhões — dos negócios da companhia. “O Brasil é responsável por pelo menos 60% das vendas [US$ 1,63 bilhão]. Já Argentina e Chile vêm na sequência e respondem juntos por cerca de 20% [US$ 546 milhões]”, afirmou à DINHEIRO o executivo.

Com presença em 120 mercados no planeta, a Electrolux comercializa anualmente aproximadamente 60 milhões de produtos que, em determinados países, vão desde jogos de panelas e potes herméticos a geladeiras, máquinas de lavar, fogão e micro-ondas. Itens como air fryer, ar condicionado, purificadores, adega e cervejeira também fazem parte do portfólio. A estratégia da bandeira tem sido apostar no lançamento de diversos itens para atrair o consumidor. Apenas no ano passado foram 300. “No Brasil 67% dos lares têm um produto da Electrolux”, disse Jasiocha, ao destacar que, atualmente, 100% do portfólio é fabricado no País.

“Ao menos 70% das vendas realizadas no brasil já são de produtos mais eficientes. Temos soluções que ajudam o cliente a consumir menos energia e água.”
L
eandro Jaciocha, CEO da Electrolux para América Latina

E para dar conta da demanda é preciso um batalhão de colaboradores. São 46 mil pelo planeta, ao menos 8,5 mil deles na América Latina. O Brasil concentra a maior parte, 7 mil, distribuídos basicamente por quatro fábricas nas regiões Sul, Sudeste e Norte.

Uma delas está situada em Manaus (AM) e é responsável pela produção de condicionadores de ar e micro-ondas. Outras duas ficam no Paraná e produzem refrigeradores, freezers, aspiradores de água e pó, purificadores de água e eletroportáteis. E a presença no estado vai crescer. A Electrolux anunciou no ano passado a construção de uma nova unidade. O investimento previsto é de R$ 750 milhões e o prazo de inauguração é 2026.

(Divulgação)

A futura planta em São José dos Pinhais será construída em duas etapas.
A primeira terá início em abril deste ano, com previsão de entrega no primeiro semestre de 2025.
A segunda será finalizada no último trimestre de 2026.

A intervenção vai gerar aproximadamente 2 mil postos de trabalho, sendo 400 diretos e mais de 1,5 mil indiretos na cadeia de fornecedores.

Segundo o presidente, a nova instalação será a primeira 100% sustentável. “Seguirá todas as nossas diretrizes de sustentabilidade, sendo zero aterro, zero emissões de CO2 e utilizará energias renováveis em suas operações, que acontecerão com controle de água e eficiência energética”, afirmou.

750 milhões de reais
são investidos pela marca europeia na construção de uma nova planta, 100% sustentável, no Paraná.
Conclusão será em 2026

Já a unidade de São Carlos, no interior paulista, é considerada a mais moderna da Electrolux no mundo e teve finalizado recentemente um ciclo de investimentos de R$ 500 milhões para modernização e revitalização, tanto do portfólio do produto, quanto da tecnologia de fabricação.

São seis linhas de produção. De lá saem máquinas lava e seca, lavadoras e fogões. O processo de fabricação, embalo, empilhagem e carregamento dos caminhões é quase todo automatizado. Antes, ao menos 60 pessoas trabalhavam na área de logística, mas o sistema foi alterado para garantir não só a segurança, mas a integridade dos produtos em razão do menor contato e a redução da emissão de gases poluentes pelas cinco empilhadeiras utilizadas.

O ganho de produtividade é destacado pela empresa. Agora, uma carreta é carregada em no máximo dois minutos e meio, nem 10% do tempo (40 minutos) anterior.

(Divulgação)
(Divulgação)
(Divulgação)

Fábrica situada em São Carlos é a mais moderna da marca no mundo. Processo de produção, embalo e carregamento nos caminhões é quase todo automatizado

PARTICIPAÇÃO

O domínio da Electrolux em eletrodoméstico no Brasil é confirmado pela consultoria GFK em levantamento sobre as vendas no mercado nacional, entre janeiro de 2022 e outubro de 2023. A bandeira lidera os segmentos de lavadoras, aspiradores, fornos, micro-ondas, purificadores de água e refrigeradores multidoor. “Somos a número um em lavadoras no Brasil. Quase metade do mercado [45% a 48%] é fabricado em São Carlos”, disse o executivo, que está no cargo há pouco mais de um ano e há 28 anos no quadro de funcionários.

E nada melhor do que a presença em um programa de abrangência nacional, no principal canal de TV aberta do País, para promover os produtos, ampliar o alcance da marca e criar conexão com o público. Este ano a Electrolux inova ao participar ativamente do Big Brother Brasil 2024. O investimento na atração não é revelado pela marca, mas com base em valores divulgados pela Rede Globo a meios de comunicação, a cota de mercado, adquirida pela Electrolux, tem investimento de R$ 35,8 milhões.

O retorno à empresa no primeiro mês de reality — entre janeiro e fevereiro — é comemorado por Ana Peretti, vice-presidente de marketing do Electrolux Group América Latina. “O programa vai ao encontro dos valores da marca, uma vez que amplia a diversidade a cada edição e incentiva hábitos sustentáveis, como a economia de água durante os dias de confinamento”, disse. No total são 22 eletrodomésticos e eletroportáteis para uso dos participantes.

RESULTADOS

As estratégias promovidas pelo CEO nas operações regionais têm refletido nos números. A América Latina viu crescer em três pontos percentuais a participação nos resultados globais no ano passado. Subiu de 18%, em 2022, para 21% em 2023, ou US$ 2,7 bilhões dos US$ 13 bilhões das vendas líquidas do grupo.

Na América do Norte os Estados Unidos e o Canadá detêm juntos 34% (US$ 4,42 bilhões), mesmo porcentual da Europa, considerada por Leandro Jasiocha “o coração da empresa”. O restante (11%, ou US$ 1,43 bilhão) está dividido entre África (3%), Ásia (4%) e Oceania (4%).

Exceção ao mercado latino-americano, os demais apresentaram queda nas vendas líquidas no ano passado, o que resultou, em outubro, no anúncio da empresa de corte de 3 mil postos de trabalho pelo mundo com foco em redução de custos, segundo Jonas Samuelson, CEO global. “Vemos que esta situação de fraca procura persistirá no curto prazo”, afirmou.

Na visão do executivo, os preços dos eletrodomésticos ficaram sob forte pressão porque as empresas asiáticas tiveram menos pressão inflacionária em relação às concorrentes europeias — a Electrolux é sueca — e norte-americanas.

Diante da situação, as marcas asiáticas conseguiram reduzir seus preços. No entanto, não há confirmação se a região será afetada diante dos últimos resultados apresentados.

O crescimento da América Latina, de acordo com relatório de 2023 do Grupo Electrolux, está ligado ao maior interesse dos consumidores por eficiência energética e hídrica, além de outros temas relacionados à sustentabilidade.

O discurso é compartilhado por Leandro Jasiocha. “Ao menos 70% das vendas no Brasil já são de produtos mais eficientes”, disse ele.

Além da preocupação em fabricar itens que consumam menos energia, a empresa está atenta ao desperdício de água, outro importante ponto. “Temos soluções nas nossas lavadoras que fazem com que o consumo de água seja reduzido e outra para que a roupa dure mais tempo e, assim, não seja necessário o descarte prematuro.”

A Electrolux também foi, de acordo com o executivo, a primeira companhia a oferecer em seu site uma solução para que o cliente, ao mesmo tempo em que adquire um produto da marca, possa dar destinação a outro que tenha em casa. “A gente retira o produto e dá a destinação correta. E pode ser de qualquer marca”, afirmou.

As iniciativas estão incluídas no propósito global Transformar a vida para melhor, que está alinhado à estratégia de sustentabilidade For The Better, ou Para Melhor. Segundo Jasiocha, o objetivo da empresa é oferecer produtos que respeitem o meio ambiente e contribuir para a economia de materiais, energia e água nos polos de produção, além de aumentar a demanda por eletrodomésticos.

“Podemos falar que estamos fazendo lavadoras, fornos, fogões, mas o que estamos tentando levar para os consumidores é algo muito maior do que isso. É realmente facilitar e transformar a vida”, disse o CEO.

E com base nos últimos resultados pode-se dizer que a marca tem atingido a meta. Ao menos na região.