28/09/2013 - 7:00
De longe, eles são como os outros ternos da marca: a padronagem clássica em tons de cinza ou preto; e o caimento que fez a fama de Ermenegildo Zegna na indústria têxtil há mais de um século. Mas coloque o paletó contra a luz e ele se mostrará translúcido e tão leve quanto uma camisa de seda. Isso porque os novos ternos da maison italiana vêm com uma novidade: tecidos criados especialmente para o Brasil. Sim, pela primeira vez em sua história, a Zegna dedicará não só um, mas quatro novos tecidos exclusivamente para o mercado brasileiro. Tudo por conta do calor que faz por aqui.
“Decidimos oferecer algo mais leve e com um toque suave por questões climáticas”, afirma Federico Castiglioni, especialista do serviço Su Misura, o departamento de sob medida da marca. O novo produto usa como base o premiado Trofeo 1600, tecido feito com fios de lã australiana e finalizado nas fábricas da família em Trivero, na Itália. Cada rolo de pano será produzido em escala limitada e renderá, no máximo, 25 ternos. Os brasileiros que encomendarem seus costumes deverão recebê-los em até 60 dias, com o nome do dono bordado na etiqueta e com a numeração de série que comprovará a produção restrita. Castiglioni acredita que os novos tecidos atrairão consumidores locais ávidos por algo feito genuinamente para o Brasil.
Alinhavado: Federico Castiglioni veio da Itália mostrar aos brasileiros como funciona
o processo de personalização dos ternos da marca
O Su Misura, que fora lançado nos anos 1970, ganhou um novo apelo no final de 2012, um serviço de personalização máxima, que oferece ao cliente inúmeras possibilidades de customização. Assim, é possível ir até uma das tecelagens na Itália para escolher o fio, a cor e a padronagem do tecido. A partir da seleção, um tecido de seis metros de comprimento será fabricado, o suficiente para apenas um costume “Trata-se de uma roupa única no mundo todo”, diz o alfaiate. Os preços partirão dos R$ 8 mil. Definir esses detalhes, porém, não é uma tarefa simples. Só em tecidos à disposição para ternos, a Zegna produz 355 tipos diferentes. Para camisas, 200. E para as gravatas, outros 200. Depois dessa etapa, é possível, ainda, propor algumas extravagâncias.
Pronto no verão: peças encomendadas neste mês com os novos tecidos feitos
para o Brasil ficarão prontas em 60 dias
Além de bordar o nome na etiqueta, é possível gravá-lo no verso dos botões. “Daria até para estampar uma foto do cachorro de estimação do cliente no forro do paletó, mas isso não faríamos”, afirma. “Todo pedido passa pelo nosso escritório de estilo e precisa ser aprovado antes de ir adiante.” Entre os pedidos mais inusitados, Castiglioni lembra o de um empresário saudita que requisitou ternos sem costuras que marcassem a peça, como a dos ombros. “Tivemos de fazer.” Americanos e chineses lideram a lista dos maiores clientes do Su Misura. Os primeiros costumam pedir por modelos mais tradicionais e compram em grandes quantidades. Já os chineses optam por investir no estilo e escolhem sempre os tecidos mais caros.
Já o cliente brasileiro observa a durabilidade. “É uma roupa que fica com você por muito tempo e não perde a forma por ser sob medida”, diz Júlio Belardi, empresário que encomendava seu terceiro terno customizado na loja da marca no Shopping Cidade Jardim, em São Paulo. No atendimento direto aos clientes Su Misura há seis anos, Castiglioni disse ter notado uma recente mudança no estilo do homem que veste Zegna. “Americanos e russos, outrora tradicionalistas, começam a arriscar mais nas cores. Já os europeus têm recorrido a ternos mais ajustados ao corpo. Sem dúvida que aquele visual anos 1980 e 1990 acabou”, afirma Castiglioni. “Calças largas e paletós quadrados e com muitos botões, nunca mais!”