A eleição para a presidência da Juventude do PSDB está atrasada em mais de três horas por causa de um impasse entre os adversários sobre as regras eleitorais. A ala da oposição, ligada ao senador Tasso Jereissati (CE), pede que delegados ausentes possam votar à distância. O grupo alega que foi “boicotado” pela atual Executiva, formada pelo senador Aécio Neves, por ser contrário ao governo do presidente Michel Temer.

O pleito deveria ter começado às 14 horas, e está sendo postergado enquanto a comissão eleitoral – composta por dois integrantes de cada chapa e um membro da Executiva Nacional – busca uma solução para o problema na sede do partido, em Brasília.

Duas delegações da Juventude estão ausentes ou incompletas por problemas na emissão das passagens aéreas. Nenhum dos cinco representantes da Juventude de Roraima está no encontro porque a Executiva não conseguiu emitir suas passagens a tempo. Outros dois dos cinco integrantes da delegação do Mato Grosso perderam o voo. Neste caso, a oposição pede que eles votem por meio de procuração, carta ou videoconferência.

Além disso, a oposição também quer que representantes do Maranhão, presentes no evento, possam votar hoje. Como o diretório do PSDB no Estado foi dissolvido e a convenção foi adiada, a delegação não é reconhecida oficialmente.

Disputa

Nomeado em julho por Aécio Neves para comandar o braço jovem da sigla, André Morais, do Amazonas, tenta se reeleger. Além de ser próximo ao senador mineiro, ele conta com o apoio de Antonio Imbassahy (PSDB-BA) e disputa pelos votos dos 135 delegados reunidos no centro de eventos Brasil 21. Há cerca de uma hora, parte deles invadiu o auditório onde será realizada a eleição, aos gritos de “não vai ter golpe, vai ter voto”.

A proximidade com Aécio, que encampa a ala mais governista do partido, garantiu uma nomeação na terça, 5, para um cargo na Secretaria Nacional de Juventude, órgão da Secretaria de Governo, comandada por Imbassahy. E ele também é ligado ao prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, pré-candidato a presidente pela sigla contra Alckmin.

Seu adversário é Marcos Saraiva, que é ligado aos tucanos paulistas, entre eles o líder do partido na Câmara, Ricardo Tripoli, a quem sempre apoiou em campanhas. Nos bastidores do evento, aliados de Saraiva dizem que a Executiva interferiu na disputa porque eles são contra o governo Michel Temer.

“É muita coincidência que justamente delegados de Estados que apoiam o André não tenham recebido as passagens do partido para vir a Brasília”, disse à reportagem Lucas Sorrillo, presidente da J-PSDB-SP e integrante da corrente Ação Popular, que é ligada ao Geraldo Alckmin e ao senador José Serra.

Procurado, o deputado João Almeida (BA), responsável pela organização da convenção, não quis comentar. Atual presidente, André Morais assumiu a função em 9 de julho, após a renúncia do então ocupante da cadeira, Henrique do Vale.