26/10/2014 - 21:12
A presidente brasileira, Dilma Rousseff, candidata do PT, foi reeleita neste domingo, informou o Tribunal Superior Eleitoral, após uma acirrada disputa com o adversário, Aécio Neves, do PSDB.
Por volta das 20H27 de Brasília, com 98% das urnas apuradas, Dilma tinha 51,45% dos votos contra 48,55% do adversário, e foi declarada vencedora da disputa.
Segundo o TSE, o resultado, neste ponto, era “matematicamente irreversível”.
“Muito obrigada” pela reeleição: “#Dilmais4”, escreveu Dilma em sua conta no Twitter, enquanto simpatizantes do PT agitavam bandeiras e comemoravam em todo o país.
Com o Brasil praticamente dividido em dois, a eleição é considerada um plebiscito dos 12 anos da situação.
O Brasil votou dividido nas eleições mais apertadas da História recente do país, com Dilma Rousseff com pequena vantagem sobre Aécio Neves, no último capítulo de uma campanha carregada de drama, reviravoltas e golpes baixos.
De um lado do ringue, a presidente Dilma, de 66 anos, uma “dama de ferro” da esquerda, ex-guerrilheira durante a ditadura, que prometia dar continuidade e ampliar os programas sociais impulsionados por seu partido e que beneficiam um quarto dos 202 milhões de brasileiros.
Do outro, o social-democrata Aécio, neto de Tancredo Neves, ex-deputado, ex-senador e ex-governador de Minas Gerais, com fama de playboy, que encarnava a mudança e prometia pôr um freio na corrupção, dar uma guinada liberal para que o país volte a crescer, controlar a inflação elevada e “aprimorar” os programas sociais.
Dilma foi, sobretudo, a escolha dos eleitores do nordeste do país, a região mais pobre e mais beneficiada pelos programas sociais do governo.
Aécio conquistou os votos das classes média e alta do sul que queriam mudanças, menos intervenção do governo na economia e o fim da corrupção. Mas não foi o suficiente para conduzi-lo à vitória.
Um total de 142,8 milhões de brasileiros estavam habilitados a votar nestas eleições, que tiveram mais de 78% de comparecimento e 21% de abstenções, segundo o TSE.
As últimas pesquisas de intenções de voto, publicadas na véspera do segundo turno, já indicavam uma pequena vantagem de Dilma sobre Aécio.
De acordo com o Datafolha, a presidente tinha 52% das intenções de voto contra 48% para Aécio. Separados por apenas quatro pontos, a máxima margem de erro, ambos estavam em empate técnico.
Já o Ibope atribuiu à presidente uma vantagem maior, de seis pontos, com 53% contra 47% do adversário.
Dilma votou em uma escola de Porto Alegre, cidade onde cresceu. Chegou sorridente, vestindo uma roupa vermelha, a cor do PT, e bebeu chimarrão.
Aécio vestiu azul, a cor dos ‘tucanos’, para votar em Belo Horizonte, acompanhado da mulher, ao lado de quem fez o “V” da vitória enquanto posou para os fotógrafos.
“Hoje temos dois projetos para escolher. O nosso fará com que o Brasil continue crescendo com mais saúde e educação”, escreveu Dilma no Twitter após votar.
“Chegou a hora da grande decisão. Muito obrigado, a mudança já começou”, escreveu o adversário no microblog.
Em Higienópolis, bairro abastado de São Paulo (sudeste), a preferência do eleitorado é para Aécio. “Voto em Aécio porque penso que é importante uma alternância de poder. Além disso, o Brasil precisa reativar a economia”, disse Roberto Carlos da Silva, médico de 35 anos.
No mesmo bairro votou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), líder histórico do PSDB, recebido com aplausos e flashes, como um astro de cinema. “Acho que o Brasil se convenceu de que já é hora de mudar”, afirmou.
Em todo o país, muitos ‘aecistas’ vestiram azul ou verde e amarelo, as cores da bandeira brasileira, enquanto ‘dilmistas’ como Maria de Fátima de Oliveira Borges, funcionária pública de Brasília, preferiu o vermelho.
“Voto no PT porque acredito em seu projeto de construção social. Existe um ódio com o PT porque as coisas mudaram. Hoje as empregadas domésticas viajam de avião, têm carro, estudam, os trabalhadores ganham direitos e seus filhos estão percorrendo um caminho muito diferente ao de seus pais, enquanto muitos [com maior renda] temem perder seus empregados, seus privilégios”, disse à AFP.
A corrupção foi um dos eixos da campanha. Uma nova denúncia, publicada pela revista Veja, garante que a presidente e seu padrinho político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), sabiam de tudo sobre o desvio de milhões de dólares da Petrobras para financiar o PT e partidos aliados.
Dilma e Lula negam, taxativamente, estas acusações, ainda não provadas, e anunciaram que processarão por “terrorismo eleitoral” a revista, que publicou o testemunho de um dos acusados no caso.
Cristiane Bayer, tradutora de 42 anos de Brasília, votou em Lula e Dilma nas últimas três eleições, mas neste domingo se decidiu pelo candidato da oposição, porque deseja “uma alternância no poder”.
“Estou chocada com os escândalos de corrupção”, acrescentou.