28/09/2022 - 14:36
O sentimento de incerteza define as expectativas econômicas nos próximos três meses. Para a estrategista-chefe da MAG Investimentos, Patrícia Pereira, as eleições têm um peso forte no contexto econômico do final de 2022 ao início de 2023. “O mercado está aguardando o resultado das eleições. Com o primeiro turno marcado para dia 2 de outubro, e um eventual segundo turno no dia 30 do mesmo mês, apenas no início de novembro alguma resolução aparecerá no país, e aí já será tarde demais para que quaisquer resultados sejam perceptíveis ainda no ano de 2022”, afirma a economista.
Patrícia prevê um ambiente de incerteza para qualquer investidor e um cenário econômico difícil, não só no Brasil, mas em todo o mundo. “A expectativa é de redução na inflação, propiciada pela redução de ICMS, queda nos preços dos combustíveis e desaceleração das commodities em geral, mas ainda muito acima das metas. Nas economias desenvolvidas, o pico da inflação também deve estar ficando para trás, ainda que o patamar permaneça elevado”, explica.
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A economista destaca que a Europa subiu seus juros pela primeira vez em onze anos e os Estados Unidos analisam a continuidade do forte ritmo atual (75 bps). “Todos estão preocupados”, afirma a executiva, que também ressalta que o mundo deverá crescer menos. “A inflação está tão alta que bancos centrais em todo o globo estão elevando seus juros, causando impacto direto na atividade econômica. É uma situação que não é vista há 40 anos, especialmente no exterior. O rendimento do cidadão não vem na mesma proporção, não repõe a inflação, o que corrói seu poder de compra. A inflação global só deve voltar aos patamares anteriores no próximo ano”, disse Patrícia.
A grande dúvida para o mercado, segundo a analista, estaria na definição da âncora fiscal do próximo governo. “Hoje há um teto de gastos, mas o governo atual quebrou essa regra pelo menos em três ocasiões, já fora do período da pandemia. Se você tem uma regra que é flexibilizada a todo momento, ela não é mais crível. Com isso, a confiabilidade também cai”, afirma. Ainda segundo a economista, outras ações que poderiam aumentar a credibilidade da economia brasileira, como as reformas Administrativa e Tributária, não saíram do papel.