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Nos últimos anos, muito tem se falado da importância da sustentabilidade para as empresas e da necessidade de o mundo corporativo formar profissionais capazes de atuar nessa área. Até pouco tempo atrás não existiam estatísticas confiáveis sobre o tamanho desse mercado, mas um relatório divulgado recentemente pela Organização Mundial do Trabalho (OIT) enfim dimensionou o setor. Segundo o estudo, nos próximos 20 anos o Brasil vai precisar de 740 mil ?profissionais sustentáveis?. Nessa conta, de acordo com a OIT, entram apenas as pessoas que de fato têm uma atuação centrada em questões ambientais ? não vale, por exemplo, o diretor financeiro que assinou a autorização de um investimento em uma reserva natural, mas apenas o empregado que desenhou o projeto. É consenso no mercado que a maioria das empresas não está pronta nem planeja investir em equipes que se dediquem exclusivamente à questão ambiental, embora o futuro próximo vá exigir isso. Algumas companhias, porém, estão um passo à frente nesse processo, com funcionários em seus quadros que podem ser chamados, sem exagero, de ?verdes?. É bom para eles e para o Brasil, que ingressa no caminho da sustentabilidade.

Uma das primeiras corporações brasileiras a investir na área foi o Banco Real, que hoje faz parte do grupo Santander. Em 2002, quando a discussão sobre sustentabilidade era algo que soava exótico no País, o banco abriu um departamento só para isso. Como na época não havia especialistas no assunto, o jeito foi reunir três executivos que, de acordo com o banco, demonstraram disposição para fazer uma imersão no tema. Um deles, trazido do departamento financeiro, foi Carlos Nomoto, hoje superintendente de desenvolvimento sustentável do Santander Brasil. ?Como ninguém sabia de nada, compramos livros estrangeiros e passamos a estudar o assunto a fundo?, lembra o executivo. ?Nossa equipe hoje conta com 50 pessoas e é responsável por multiplicar o conceito de sustentabilidade empresarial para todas as áreas do banco?, diz. Nomoto admite que as universidades não têm fornecido a mão de obra necessária para atender ao aumento da demanda por profissionais verdes. No Santander, afirma ele, o jeito foi formar quadros internamente. A AmBev faz algo parecido. Segundo a empresa, nos últimos anos foram capacitados 350 profissionais, entre engenheiros químicos, ambientais e biólogos, espalhados pelas suas 39 fábricas no Brasil. ?Em cada unidade há um gerente de meio ambiente?, diz Beatriz de Oliveira, gerente de meio ambiente da AmBev. ?É também por meio deles que a companhia transmite a outros funcionários a importância do tema.?

Para Ricardo Voltolini, diretor da consultoria de responsabilidade social empresarial Idéia Sustentável, a situação é preocupante. ?Essa defasagem de profissionais assusta, principalmente se levarmos em conta que a questão climática se tornou essencial para a economia mundial?, afirma. Até empresas que atuam diretamente nessa área têm dificuldade em encontrar profissionais sustentáveis. É o caso da Haztec, que fornece soluções ambientais para terceiros, como projetos de reúso de água e de redução de consumo de energia. ?Em 2010, vamos contratar mais mil funcionários, mas o mercado não fornece o número de pessoas de que precisamos?, diz Rosana Macedo, gerente de recursos humanos da empresa. Entre os profissionais que ela procura estão engenheiros e geólogos. Rosana, aliás, manda um recado: se você se enquadrar nesse perfil, procure a empresa.