O mercado de videogames no Brasil é um dos que mais se destacam no mundo. No ano passado, as vendas de consoles e jogos subiram 43% e 79%, respectivamente, de acordo com a companhia de pesquisa GfK. Esse crescimento resulta em mais de 1,5 mil títulos à venda no País, oferta impossível para um consumidor conhecer por completo, ainda mais com jogos que custam mais de R$ 100. Para auxiliar aqueles que estão em busca do melhor jogo, alguns aficionados por games criam vídeos no Youtube  –  os chamados gameplays, que apresentam os diversos títulos para os internautas. Produzidos nos mais diversos formatos, os vídeos já atraem a atenção de anunciantes e de grandes empresas.

 

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Alexandre Ottoni e Deive Pazos: dupla faz piadas ao jogar videogames. Cada um de seus vídeos ultrapassam as 200 mil visualizações 

 

?Estava interessado em comprar um jogo, mas queria ver uma pessoa como eu jogando antes de me decidir?, diz Alexandre Ottoni, criador do ?Jovem Nerd?, site sobre tecnologia e cultura geek – ele montou o canal em 2002, junto com seu sócio Deive Pazos, conhecido como ?Azhagal?.  Foi por isso que, em 2011, ele decidiu criar no portal um espaço dedicado a games, com vídeos demonstrativos sobre jogos. No jargão da área, isso é conhecido como gameplay. ?A minha frustração é que no Jovem Nerd eu era o único que gostava de videogames, então não fazíamos muitos programas nessa área?.

 

Como já era conhecida na internet pelo uso do humor, a dupla do Jovem Nerd preferiu seguir a mesma linha ao apresentar os jogos para o público. ?Sabíamos que seria impossível fazer reviews tão bons como os outros fazem, então preferimos partir para o lado engraçado?, afirma Ottoni. ?Os vídeos não tratam apenas de videogame, mas também da experiência e diversão de jogar?, diz Pazos. A fórmula deu certo e o canal atraiu anunciantes e parceiros como o Submarino, Warner Games e o Banco Santander.

 

A escolha do banco espanhol não foi por acaso. Ele decidiu utilizar o Jovem Nerd como um meio de divulgação de seu produto “Santander Futebol Paixão” para se aproximar do público conectado a tecnlogia e games. A estratégia deu certo. “Os resultados foram muito positivos, pois alcançamos excelentes números de inscrições na semana da exibição, além de contarmos com o engajamento do público”, afirma o Santander, por meio de sua assessoria.

 

Outros usuários levam a atividade de uma forma mais séria, o que não significa menos lucrativa. É o caso do paulista Eduardo Benvenuti autor de vídeos de jogos desde 2010, atividade que virou fonte extra de renda para o coordenador de mídias sociais mesmo após se mudar para o Canadá. Relacionado à Machinima, empresa do setor que auxilia e assessora os ganhos de diversos canais de games no YouTube, ele fatura em cima das visualizações de seus vídeos, que ultrapassam as centenas de milhares de acessos. ?O conteúdo fica totalmente sob o meu controle. Não divulgo nada que eu não recomendaria?, afirma Benvenuti. ?É a melhor profissão do mundo.”

 

 

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Com vídeos diários e todos com longa duração, Eduardo Benvenutti faz de gameplays a análises das novidades do mercado de games

 

Caras conhecidas no mundo online também se aventuram no universo de gameplay, como o ex-MTV PC Siqueira. Em parceria com seu primo Diego Quinteiro, PC criou o ?Videogame e dinossauros?. Além de gameplays de jogos antigos, ele também faz boletins sobre o mercado de games. ?Como estava trabalhando muito, foi uma desculpa para poder jogar videogame por mais tempo?, diz.

 

O gasto deixou de ser apenas com fichas

 

Como a grande maioria dos vídeos se resume às imagens do jogo em andamento com comentários dos apresentadores de fundo, os gastos com a produção do conteúdo se resumem ao custo dos jogos e à demanda de tempo para gravação. ?É muito simples: basta jogar e colocar um microfone para gravar. Nem precisa editar?, diz PC Siqueira.

 

 

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PC Siqueira e Diego Quinteiro revivem títulos antigos no “Vídeo Games e Dinossauros”, canal desvinculado ao sucesso de PC, o “maspoxavida”

 

No caso do Jovem Nerd, no entanto, existe um cuidado maior com a edição e a própria participação do responsável por ela no conteúdo. ?O nosso editor participa do processo criativo e ele acaba encontrando algumas piadas para os vídeos. Com tudo, gastamos cerca de R$ 1,5 mil por vídeo?, afirma Ottoni.

 

Faturamento

 

Para veicular propagandas em canais de sucesso, o Google paga quantias por visualizações em canais do YouTube. A empresa não permite que seus clientes divulguem valores, mas a ferramenta Social Blade faz um levantamento do que cada um pode obter na rede de vídeos. Segundo a DINHEIRO apurou, o valor real fica bem próximo ao mínimo.

 

BRKsEDU: de US$ 4,1 mil até US$ 39 mil mensais

Jovem Nerd: de US$ 2,1 mil até US$ 20,2 mil mensais

Videogames e Dinossauros: de US$ 60 até US$ 600 mensais