Quando o empreendedor americano Jeff Lubell iniciou a produção de suas calças jeans na Califórnia, em 2002, o sucesso foi tão pequeno que ele teve de dar as primeiras peças de graça aos vendedores das lojas para divulgar o produto. No entanto, essa fase adversa durou pouco. Produzidas em Los Angeles de acordo com as tendências locais, as calças da True Religion logo caíram no gosto de atrizes como Megan Fox e Jessica Alba e de celebridades como Anna Kournikova. Com isso, atualmente, a True Religion se permite cobrar US$ 350 por uma calça feminina básica. O sucesso não se limita aos guarda-roupas descolados, passou também pelos bolsos dos investidores. 

 

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Bernardi, da São Paulo Investmentos: o investidor tem pouco acesso a informações

sobre empresas promissoras para investir fora do Brasil

 

A empresa abriu seu capital em 2003 e o fechou em julho deste ano, ao ser adquirida pelo fundo de private equity TowerBrook Capital Partners por US$ 835 milhões. Nos dez anos entre o lançamento e a última cotação, as ações acumularam uma valorização de 10.000%. Pouco conhecidas fora dos Estados Unidos, ações de companhias como a True Religion são uma excelente alternativa para brasileiros endinheirados. Mas há dois problemas. O maior deles é encontrá-las. ?O investidor tem pouco acesso a informações sobre empresas desse tipo, que possuem uma vantagem competitiva em seus segmentos de atuação?, diz Antonio Bernardi, principal executivo da São Paulo Investments, empresa de investimentos e gestão de recursos. 

 

O segundo maior problema é ter de lidar com a complexa burocracia para transferir dinheiro para fora do País, sem falar nas incertezas da Receita Federal, que olha com lupa quem investe no Exterior. Uma das alternativas é optar pelos fundos que podem comprar ações de empresas internacionais. Conhecidos como fundos para investidores superqualificados, que têm pelo menos R$ 1 milhão para aplicar, esses fundos são uma tendência crescente no mercado, sem considerar as carteiras de renda fixa, que servem a empresas e a fundos de pensão para administrar seu caixa. O fundo Porto, um multimercado gerido pela São Paulo Investments, investiu nas ações da True Religion, obtendo um ganho de 19% em três meses. 

 

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Anna Kournikova, em Nova York: calças

da True Religion caíram no gosto das celebridades

 

?Foi uma de nossas melhores apostas?, diz o economista Pedro Baldaia, responsável pela gestão do fundo, que rendeu 5,9% nos 12 meses findos em julho. Em tempos de retornos mais magros, um número crescente de investidores busca alternativas desse tipo. Nos últimos 12 meses, a fatia dos fundos de ações e multimercados cresceu de menos de 1% para 3,2% do total. Essa amostra considera os fundos sem restrições a investidores (ou seja, não exclusivos) e com pelo menos 12 cotistas. A rentabilidade também é maior. Em alguns casos, como o dos fundos multimercados macro, o ganho dos milionários é mais do que o dobro da média do segmento no acumulado do ano até agosto (veja o quadro abaixo). 

 

Um bom exemplo é o fundo Credit Suisse Global Equities, mais rentável entre os multimercados multiestratégia de 2013, com um ganho de 27,25% até 12 de agosto. Quase todos os recursos do fundo, cerca de 98%, são investidos no Exterior. A gestora não revela onde investe. ?Os fundos voltados para os investidores superqualificados oferecem mais liberdade de atuação ao gestor, o que aumenta a probabilidade de um retorno maior?, diz o consultor financeiro Fabiano Calil. ?A possibilidade de investir em papéis internacionais, por exemplo, per­­mite aproveitar oportunidades em mercados mais promissores.?

 

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