O CEO da Indigo, Thiago Piovesan, defende que uma adesão mais ampla do carro elétrico depende de uma maior presença de carregadores em locais de ‘meio de jornada’, fugindo de um cenário de concentração em shoppings e pontos comerciais apenas nos centros urbanos.

+PC não vai morrer e terá um papel ainda mais relevante com a IA, diz CEO da Dell

+Mais da metade do custo do tênis que fabricamos é mão de obra, diz CEO da Vulcabras

O executivo da multinacional de estacionamentos frisa que ‘o grande dilema hoje é: não tem mais carregador porque o carro elétrico ainda não está tão presente, e não tem mais tanto carro elétrico porque não tem carregador disponível’.

Esse panorama, todavia, não é visto como um cenário problemático aos olhos da empresa e do executivo – mas uma curva natural do processo, como ocorreu em outros mercados em outros lugares do mundo.

“As coisas vão andando, as duas em paralelo. Acho que o Brasil hoje está num tá num momento em que os carregadores elétricos anda vão passar por uma onda de aprimoramento, de recolocação, de localização”, explica, em participação no Dinheiro Entrevista.

“Eu acho que hoje a gente tem muito carregador em pontos, por exemplo, em shoppings center, em praticamente todos os centros de eventos, aeroportos – são pontos tradicionais. Talvez o que falte um pouco são jornadas um pouco mais longas, carregadores de ‘meio de jornada’. Você vai fazer uma viagem de 500 km, você precisa contar com alguma coisa mais confiável para botar para parar o carro, seja para tomar um café ou outra coisa”.

Esse tipo de carregador para carro elétrico demanda um investimento maior, segundo Piovesan, por se tratar de um carregador mais potente e que completa a bateria com mais agilidade.

“Talvez tenha aí um ponto de interrogação de qual é a demanda que de fato ele consegue atrair para esse investimento.”

A Indigo oferece carregadores em algumas das suas unidades de estacionamentos e relata que o segmento de elétricos segue crescendo, apesar de uma ‘estabilizada’ em um passado recente.

A visão da gestão é de que o mercado brasileiro ainda não atingiu o ‘ponto de equilíbrio do negócio de carregadores elétricos’, mas que isso deve ocorrer naturalmente à medida que o mercado se desenvolve.

BYD defende isenção de impostos para carro elétrico

Outros executivos que participaram do Dinheiro Entrevista também destacaram que outras medidas, além dos carregadores, devem ser cruciais para uma adesão maior dos elétricos em solo nacional.

O Vice-Presidente Sênior da BYD no Brasil, Alexandre Baldy, defende que o brasileiro ainda não comprou tanto a ideia do carro elétrico por conta da ausência de políticas públicas que incentivem uma renovação da frota nacional, por exemplo.

O executivo atesta que o brasileiro, no médio e longo prazo, deve considerar vantajosa a vantagem de custos com do carro elétrico, mas que no momento atual é necessário um incentivo direto do governo. Como exemplo, citou a gestão do Distrito Federal.

“”[O Brasil não tem tanto carro elétrico] certamente porque não há política pública, seja nas esferas municipais, com 5.570 municípios, seja estaduais, com 27 unidades federativas. São raros os casos em que a política pública é de fato criada para poder a eletrificação de frota e, é claro, a sustentabilidade e a redução da emissão de poluentes”, disse.

“Veja o caso de Brasília. O governador Ibaneis [Rocha] implantou uma política pública para isenção de IPVA para carro híbrido e carro elétrico. Hoje, o volume de emissão de poluentes de Brasília reduziu drasticamente. O volume de redução de utilização de combustíveis fósseis reduziu drasticamente”, completou o chefe da BYD.

A isenção de impostos para carros elétricos é uma iniciativa em vários países, como na Noruega, onde cerca de 90% dos novos carros vendidos são elétricos e já existem mais modelos elétricos do que a combustão. O governo do país implementou isenção de imposto na compra, taxas reduzidas ou isenção em pedágio e nenhuma cobrança de imposto anual de circulação.