15/05/2025 - 10:34
A Eletrobras registrou prejuízo de R$ 81 milhões no 1º trimestre de 2025, no balanço divulgado nessa quarta-feira, 14. De acordo com a empresa, o resultado reflete a revisão feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na base regulatória de ativos da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), uma das principais subsidiárias da Eletrobras. “O impacto da revisão totalizou R$ 952 milhões, o que afetou o resultado contábil”, explicou, em nota, a companhia.
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As ações da Eletrobras abriram o pregão em queda de 4,45%. Ao longo do dia a queda foi levemente atenuada, e perto 14h30 os papéis operavam em queda de 3,17%.
As despesas com pessoal, material, serviços e outros (PMSO) tiveram redução de 28% em relação ao último trimestre de 2024 e de 8% na comparação com o mesmo período de 2024.
O resultado “mostra a consolidação de uma tendência que já vinha sendo observada em trimestres anteriores e reflete as iniciativas de adequação do quadro de pessoal, além de ajustes em processos e na estrutura organizacional”.
Os acordos para renegociação de empréstimos compulsórios seguiram na trajetória decrescente desde a capitalização. O estoque da dívida diminuiu R$ 2,9 bilhões em relação ao mesmo período do ano passado, com recuo de R$ 447 milhões na comparação com o último trimestre de 2024. No segundo trimestre de 2022, o estoque totalizava R$ 26,1 bilhões e hoje está em R$ 13,1 bilhões. Esse passivo tem origem em cobranças debitadas nas contas dos consumidores finais, que financiaram a expansão do sistema elétrico brasileiro e deram origem a disputas judiciais, que agora estão sendo solucionadas.
“Estamos cada vez mais focados no crescimento da companhia e no reforço de investimentos. É um novo momento”, explica o presidente da Eletrobras, Ivan Monteiro. “A queda do PMSO e a redução de provisão de compulsórios são resultados da estratégia de tornar a empresa mais eficiente sem nunca deixar de lado a prioridade da segurança dos ativos, pessoas e meio ambiente”, destacou.
Bernardo Viero, analista CNPI na Suno Research, comenta que o momento pode ser uma ‘oportunidade de compra’, aumentando o desconto dos papéis com a retração em ELET3.
“Ainda que o resultado tenha sido ruim, atingido principalmente por uma estratégia agressiva na comercialização, que obrigou a empresa a comprar energia no mercado de curto prazo para honrar os contratos firmados, vejo uma boa oportunidade de compra com a queda nas ações”, analisa.
“Deduzindo do EBITDA os investimentos em manutenção (R$ 225 milhões), o resultado financeiro caixa e os impostos, vimos a potencial geração de caixa livre atingir R$ 3,7 bilhões, aumentando 17%. Em termos anualizados, o montante representa um yield próximo de 15% do valor de mercado atual, reiterando que mesmo diante de um resultado mais desafiador em custos e despesas, a tese segue se mostrando bastante atrativa”, completa.
Viero entende que, dado que a companhia é ‘um colosso’ e o setor atualmente não oferece oportunidades de reinvestimento suficientemente interessantes para justificar uma elevada retenção nos lucros, o caminho natural para a empresa é se tornar uma grande pagadora de dividendos.
Investimentos
No primeiro trimestre do ano, a Eletrobras somou investimentos de R$ 912 milhões. A queda de 25% em relação ao desembolso do mesmo período de 2024 é explicada pela conclusão de uma das maiores obras da companhia, o parque eólico de Coxilha Negra, em Santana do Livramento (RS). Em operação desde abril, o parque tem capacidade de geração de 302,4 MW e representou investimentos de mais de R$ 2,4 bilhões.
De acordo com a Eletrobras, no primeiro trimestre de 2025 destaca-se o avanço das obras do Linhão Manaus-Boa Vista, que já tem 87% das obras concluídas e previsão de conclusão no segundo semestre do ano. Com essa obra, que esteve paralisada por mais de 10 anos, todos os estados do Brasil estarão conectados ao sistema integrado nacional. O Investimento total no Linhão chega a R$ 3,3 bilhões.