SÃO PAULO (Reuters) – Em fase final de privatização, a Eletrobras reportou na segunda-feira um lucro líquido 69% maior no primeiro trimestre, ao mesmo tempo em que divulgou um possível novo adiamento da entrada em operação da usina nuclear Angra 3.

O lucro líquido da estatal de geração e transmissão de energia atingiu 2,716 bilhões de reais entre janeiro e março, impulsionado pela variação cambial e pelo aumento de 12% da receita bruta.

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O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) recorrente atingiu 5,43 bilhões de reais, aumento de 9,6% no comparativo anual.

Nos documentos que acompanham o balanço, a Eletrobras informou ainda na noite de segunda-feira que, em maio, a diretoria executiva de sua subsidiária Eletronuclear aprovou um adiamento da entrada em operação de Angra 3, para fevereiro de 2028. Anteriormente, a data prevista era novembro de 2027.

A empresa disse que o pequeno adiamento foi encaminhado para aprovação do conselho, sem detalhar motivos.

Projeto bilionário, Angra 3 teve sua construção retomada em fevereiro, quando a Eletrobras fechou a contratação das obras do chamado “caminho crítico” com um consórcio formado pelas empresas Ferreira Guedes, Matricial e ADtranz.

A companhia ainda irá realizar uma licitação para finalizar as obras civis e a montagem eletromecânica da planta.

Com a privatização da Eletrobras, o novo empreendimento nuclear, assim como Angra 1 e 2, deverão ser assumidos pela nova estatal ENBPar. Um eventual fracasso da desestatização chegou a ser apontado pelo presidente do BNDES como um risco para a conclusão da usina.

O governo do presidente Jair Bolsonaro espera que o Tribunal de Contas da União (TCU) dê a aprovação à privatização ainda nesta semana em um julgamento importante sobre o assunto programado para ser retomado na quarta-feira.

Uma decisão a favor do governo abriria caminho para a realização de uma oferta de ações acontecer até julho, próxima janela considerada ideal.

RESULTADO TRIMESTRAL

A Eletrobras destacou no balanço que outro fator positivo para o desempenho do primeiro trimestre foi a redução do custo de PMSO em 3,4%.

Já o destaque negativo foi o registro de 1,226 bilhão de reais em Provisões para Crédito de Liquidação Duvidosa, decorrente da inadimplência da Amazonas Energia D, sendo 867 milhões referentes à compra de energia elétrica provenientes dos produtores independentes de energia (PIE) localizados no Amazonas e 359 milhões referente a contratos de empréstimo devidos pela referida distribuidora.

A receita operacional líquida cresceu 12%, para 9,181 bilhões de reais, influenciada pela melhor performance nos contratos bilaterais e pelo reajuste das receitas de transmissão, disse a empresa.

A energia vendida ficou em 42,7 gigawatt-hora (GWh) no trimestre, queda de 13,1% no comparativo anual.

A companhia encerrou o período de janeiro a março com caixa de 15,454 bilhões de reais, e dívida líquida recorrente de 20,554 bilhões. A alavancagem medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda recorrente ficou em 1 vez, contra 1,9 vez nos três primeiros meses do ano passado.

Os investimentos cresceram 1%, para 523 milhões de reais.

 

(Por Nayara Figueiredo e Letícia Fucuchima, reportagem adicional de Gabriel Araujo)

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