14/12/2022 - 8:00
O Brasil, um país de dimensões continentais e reconhecido pela criação do boi em pasto, atingiu em 2022 a marca recorde de 6,95 milhões de bovinos confinados. Um crescimento de 4% no volume do gado engordado com ração, se comparado com o ano anterior, e 46% acima do registrado em 2015. Os dados fazem parte do mais recente Censo de Confinamento feito pela DSM, multinacional especializada em nutrição animal. Mais do que um simples crescimento os números indicam uma tendência clara da adoção da suplementação alimentar por parte dos produtores nacionais de olho no crescimento da demanda no mercado asiático. O chamado efeito “boi China” consiste em engordar animais jovens para que atinjam o peso necessário para o abate em menos tempo. Tal escolha visa tornar o Brasil um grande fornecedor para aquela região do mundo.
Claro que o volume ainda é baixo, se comparado ao número total do rebanho brasileiro, que totaliza 215 milhões de cabeças. Mas ao que tudo indica a tendência deve continuar nos próximos anos. Segundo o gerente de pecuária de corte da DSM, Luciano Morgan, isso deve contribuir para melhorar a produtividade do rebanho brasileiro, o maior na América Latina, respondendo por 61% do total. Mas para isso os produtores terão de driblar o aumento de 122% nos custos desde 2018, que subiram de R$ 7,87 por cabeça ao dia para R$ 17,48 em 2022 no sistema normal. Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP).
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O levantamento mostra ainda que o custo em confinamento saltou 121%, passando de R$ 115,51 para R$ 256,43. Esse aumento acentuado dos gastos prejudicou a rentabilidade do produtor. O preço da arroba do boi gordo até subiu, de R$ 138,83 em 2018, para R$ 289,20 em 2022, alta de 108%. No entanto, a rentabilidade não acompanhou a alta de preço. “O ganho, que chegou a ser de 5,22% por boi confinado em 2020, caiu a menos 0,17% neste ano, o que tornou o ano de 2022 como um dos mais desafiadores para o setor”, disse Morgan.
Mas não é só no mercado de bovinos para corte que elevou o uso da suplementação. Para o segmento de leite a complementação alimentar também vem ajudando a melhorar a oferta da bebida. Nesse segmento, no entanto, o desafio tem sido elevar a demanda interna, uma vez que a renda do brasileiro vem impedindo o avanço do consumo de leite diante do aumento dos preços dos produtos, segundo o executivo da DSM.
Especializada em nutrição, a holandesa espera mesmo assim que a demanda no Brasil continue forte. Por isso vem reforçando sua posição no mercado local, desde aquisição da Tortuga, há quase 10 anos. Hoje, o País já é o maior negócio da multinacional, faturando US$ 3,3 bilhões ao ano. Globalmente, a empresa tem receita de 10 bilhões de euros por ano estando presente em mais de 16 países. Em 2022, a companhia deu outro passo importante no País ao adquirir a mineira Prodap. Especializada em no desenvolvimento de novas tecnologias e soluções digitais para a pecuária, a empresa visa ajudar o produtor para que tenha maior precisão e personalização no seu trabalho. “Em um período de custos altos e margens reduzidas, quanto melhor for a produtividade mais o criador ganha”, afirmou Morgan.