20/06/2020 - 9:00
O Ministério Público do Rio identificou que Luiza Souza Paes, ex-assessora de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio, só compareceu ao Palácio Tiradentes em três ocasiões – e apenas para assinar o ponto. Dentro do período ao qual os investigadores tiveram acesso ao dados de seu telefone celular, entre 2014 e 2017, ela esteve nomeada por 792 dias.
O caso de Luiza ajuda a ilustrar o que a Promotoria afirma ser um amplo esquema de funcionários fantasmas empregados no antigo gabinete do filho do presidente Jair Bolsonaro, hoje senador. Esses servidores repassariam o dinheiro de seus salários por meio da “rachadinha”.
Como o Estadão mostrou ontem, com base na decisão do juiz Flávio Itabaiana Nicolau, da 27ª Vara Criminal da Capital, Luiza e o pai, Fausto Antunes Paes, buscaram Queiroz para ver como lidariam com a revelação do caso. O rastreamento foi possível graças à quebra de sigilo telefônico, que permitiu o monitoramento de investigados pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (GAECC). O raio considerado para avaliar se ela esteve ou não na Alerj foi de 750 metros.
Por meio das mensagens entre Luiza e o pai, a investigação também aponta que ela combinou com o servidor da Alerj Matheus Azeredo Coutinho, que trabalha no Departamento de Pessoal, de assinar o ponto retroativo no dia 24 de janeiro de 2019. Com orientações de Queiroz, o contato se deu por intermédio do advogado Luis Gustavo Botto Maia e pela assessora Alessandra Esteves Marins, funcionária de Flávio Bolsonaro.
Nas primeiras mensagens entre Luiza e Fausto, o pai explica que iria ver com Queiroz como eles deveriam agir diante da revelação do esquema de “rachadinha” pela imprensa – a história foi publicada pelo Estadão em dezembro de 2018. As conversas também mostram que havia uma preocupação do gabinete de Flávio em maquiar o suposto esquema de funcionários fantasmas e, com isso, dar respostas a jornalistas sobre a presença dos servidores na Casa legislativa.
Ao assinar pontos retroativos referentes a 2017, diz o MP, Luiza e os demais investigados “efetivamente adulteram as provas dos crimes de peculato ao inserirem informações falsas em documentos públicos”, com “clara finalidade de embaraçar as investigações acerca da organização criminosa que desviava recursos públicos pelo esquema das “rachadinhas” com atuação de ‘funcionários fantasmas’.”
Luiza, Botto Maia, Alessandra e Coutinho foram alvo de buscas e apreensões na manhã de ontem, quando Queiroz foi preso em Atibaia. O Estadão não conseguiu contato com as defesas dos citados.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.