09/09/2025 - 13:30
Israelenses confirmam ataque em Doha, que visou lideranças do grupo palestino. Governo do Catar, que atua como mediador de um cessar-fogo guerra em Gaza, denuncia ataque como “violação de todas as leis internacionais”.Israel lançou nesta terça-feira (09/09) um inédito ataque contra membros do grupo Hamas que se encontravam em Doha, no Catar, enquanto as negociações sobre o fim da guerra na Faixa de Gaza permanecem estagnadas.
“O exército e a agência de segurança interna israelense [Shin Bet] realizaram um ataque direcionado contra líderes do alto escalão da organização terrorista Hamas”, informaram as Forças de Defesa de Israel (FDI). Um oficial militar confirmou a operação em Doha, denominada “Cúpula de Fogo”, e disse que foi realizada mediante bombardeios aéreos.
Testemunhas disseram ter ouvido várias explosões em Doha. Nuvens de fumaça subiam de um posto de gasolina, ao lado do qual há um pequeno complexo residencial que alojava membros e negociadores do Hamas no Catar.
Uma hora após o ataque, ambulâncias e pelo menos 15 policiais e veículos do governo sem identificação ocupavam as ruas ao redor do local da explosão.
Fontes do Hamas relataram que as autoridades do grupo que integram a equipe de negociação do cessar-fogo sobreviveram ao ataque.
Esta foi a segunda vez que o Catar, onde o Hamas mantém há muitos anos uma base política, é diretamente atingido nos quase dois anos da guerra que assola o Oriente Médio desde o ataque do Hamas ao sul de Israel, em 7 de outubro de 2023, mesmo tendo atuado como um dos principais negociadores nos esforços para pôr fim ao conflito. Anteriormente, uma base militar dos EUA no país, havia sido alvo de um ataque lançado pelo Irã.
Catar condena ataque como “covarde”
O porta-voz militar israelense, Coronel Avichay Adraee, afirmou que o ataque foi realizado pela Força Aérea de seu país. Autoridades israelenses ouvidas pela agência de notícias Reuters disseram que o bombardeio tinha como alvo os principais líderes do Hamas, incluindo Khalil al-Hayya, o líder exilado de Gaza e principal negociador do grupo.
O Catar, que atuou como mediador ao lado do Egito nas negociações para um cessar-fogo durante os quase dois anos da guerra em Gaza, condenou a ação como “covarde”. O porta-voz do Ministério do Exterior catari, Majed al-Ansari, criticou o que chamou de “violação flagrante de todas as leis e normas internacionais”.
O Catar “não tolerará esse comportamento israelense imprudente e a contínua perturbação da segurança regional, nem qualquer ato que vise sua segurança e soberania”, acrescentou al-Ansari.
Israel amplia intervenções no Oriente Médio
Ataques israelenses mataram vários líderes do Hamas desde os atentados terroristas de outubro de 2023, que mataram 1.200 pessoas, além de outras 251 que foram levadas como reféns pelos islamistas.
A ofensiva retaliatória de Israel no território palestino matou mais de 63.000 pessoas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
Desde o início do conflito em Gaza, Israel também realizou ataques aéreos e outras ações militares no Líbano, Síria, Irã e Iêmen.
No Líbano, as forças israelenses combateram o grupo islamista Hezbollah, e no Iêmen lançou bombardeios contra os rebeldes houthis. Os dois grupos, que são apoiados pelo Irã, também atacaram Israel durante o conflito em Gaza.
O ataque desta terça-feira pode representar um golpe grave, senão fatal, nos esforços para alcançar um cessar-fogo, especialmente ter sido realizado no país que sediou várias rodadas de negociações.
rc (DPA, Reuters)